segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010


Colocou na mala seus sonhos e saiu sem olhar para trás porque olhar significava sentir uma dor que talvez a fizesse fraquejar e querer voltar e voltar seria doer para sempre e isso ela não queria, então seguiu sabendo que algo dentro dela morreria.
Às vezes é preciso e necessário morrer, é preferível e opcional morrer e esta foi sua escolha.
Não precisaria mais regar as plantas todos os dias sem que lhes dessem flores, nem alimentar os pássaros famintos que nem ao menos cantavam para alegrar seus ouvidos.
Não teria mais que tecer os fios no tear que por vezes machucavam seus dedos e nunca esquentavam seu corpo com a roupa que tecia.
Iria sem olhar para a rua que varreu e que não trilhou de mãos dadas com ninguém.
Deixaria o abrigo solitário, o trigo, o pão que não matou sua fome.
Não olharia mais para trás, deixaria na estrada um leve rastro que o primeiro vento varreria, mais nada.

2 comentários:

  1. que texto Heim...li e reli muitas vezes..parecia que estava nalgum livro da Clarice!!! muito bom ..profundamente emocionado por vc me dar a oportunidade de tão belo momento..obrigado de Novo queria Lou Witt...Lou Witt...

    ResponderExcluir
  2. Sou a Clarice de Flavio Pettinichi. rsrs

    ResponderExcluir

pétalas