terça-feira, 30 de março de 2010



Às vezes eu acordo
no meio da noite
com um poema no pensamento
Então é preciso levantar
e ajeitar as palavras
antes que o dia amanheça
Porque poema
quando quer nascer de noite
não pode esperar
pelo despertar do dia

domingo, 28 de março de 2010


Eu quero um poema
que fale de encantos
de cantos
de mares
de estrela cadente

Eu quero um poema
de doce magia
de língua de sogra
e festa no céu

Eu quero um poema
que alegre meu dia
e diga das flores
faceiras no campo

Eu quero um poema
que entoe cantigas
de ninar estrelas
que uive pra lua
quando ela for cheia

Eu quero um poema
que não tenha rima
que nasça criança
e fique gigante

quarta-feira, 24 de março de 2010


E cantei mares
tal qual o canto de uma sereia
Descobri abismos e instantes
sem passado nem futuro
Percorri valas
Fendas
Atalhos
Deixei minhas certezas
no tempo do esquecimento
Despi-me do medo na esquina
mais escura de uma ruela nua
E na aurora de desmanchar estrelas
Eu fui criança
Natureza e pó

terça-feira, 23 de março de 2010

Floripa
Ilha da magia – Parabéns pelos 284 anos

Ilha de encantos, de lendas e mistérios
de sambaquis e praias de areias brancas
por ti me apaixonei e aqui fiz minha morada.

Teus fortes com canhões antigos
que guardam da guerra vestígios e segredos
conservam-se imunes ao peso do tempo.

Tuas lagoas de águas serenas e mar azul
onde os barcos navegam e as crianças brincam
com castelos de areia e mundos encantados.

Ilha dos contos de Franklin Cascaes
que dá vida a seres misteriosos
boitatás, lobisomens, fantasmas.

Das bruxas que dão nós em crinas de cavalos
e que voam em suas vassouras mágicas
mar afora assombrando pescadores.

Ilha das tradicionais rendeiras e da velha figueira
do boi de mamão com sua maricota
de braços longos e pernas compridas.

De montanhas, praias e gaivotas
de brisa perfumada e sol dourado
de ondas que beijam com sal e espuma.

Onde em noites de eterna magia
reflete nas águas a forma da lua que formosa
brilha e se rende aos encantos da ilha.

sábado, 20 de março de 2010

Planície e Vulcão


Um silêncio morno atravessa o peito
como vento brando em final de tarde
um campo de trigais balança o ouro
e a vida perfuma o ar com gotas de alfazema

O senhor do tempo desliga a magia das horas
o mundo fica inerte à espera do nada
as folhas balançam e deixam cair as flores
que o vento carrega sorrateiro e lento

Um rumor inaudível faz estrondos por dentro
sentimentos ajeitados queimam e esperam
como lava quente embaixo da montanha


O sentimento mais estranho que sinto
é quando vejo um animal abandonado na rua
É um mal estar
um calafrio que me percorre a espinha
uma dor esquisita de doer
Por vezes sinto-me assim
como um animal sem dono
e o sentimento se reverte pra mim
É besta pensar assim
Mais besta é sentir
Mas sinto

sexta-feira, 19 de março de 2010


Na vida tudo tem seu preço
nada é de graça
nem o pão
nem a mão
nem o apreço
ou se morre de fome e seca
ou pra não morrer
se mata


Desfaço minhas certezas e piso no desconhecido
Deixo o medo no tempo do esquecimento e tiro a poeira debaixo do tapete
Não existe caminho fácil nem pedra grande o bastante que não possa ser retirada
Teço meu destino com fios multicores e brilho de prata
E não há medo que não possa ser vivido
Nem esperança que não possa ser renovada

domingo, 14 de março de 2010

Noite e Aurora

Quando finda a tarde e o céu tinge-se de vermelho e gris
A vida adormece nas encostas e estepes
e a noite com seu manto negro
cobre uma parcela deste vasto mundo
Calam-se os cantos
Dormem os pássaros
Peixes buscam refúgio
Tudo espera pelo breu da noite que descansa corpos calejados
e esmaga corações aflitos
A noite é soberana e geme saudades em camas vazias
O escuro dói e o vento assovia uma canção de ninar estrelas
E tudo é silêncio e solidão



Mas no romper da aurora quando o dia aponta
Brilha um sol de ouro atrás do horizonte
Vertem córregos
Mares geram pérolas
Nascem margaridas
Brilham violetas lilases
Colibris beijam flores
E a esperança é uma borboleta
de finas asas douradas

quinta-feira, 11 de março de 2010


Quando a vida nos suspende no ar feito plumas que bailam, temos a impressão de que perdemos o controle e que basta um sopro mais forte pra que tudo se evapore.
Quando a garganta quase fecha por completo como se não fosse mais preciso respirar, sentimos um fim iminente e um gosto amargo do que restou.
O fel de alguma coisa que nem sabemos o que foi.
O escuro nos cerca e o escarlate do sangue quer jorrar até a ultima gota.
Embriaguez da alma que apenas por um fio ainda não nos abandonou, mas que talvez sem o menor esforço alce seu voo fugaz.
Ah, quanto dói parir tantas dores!
Quantos amores é preciso jogar fora antes que não haja mais hora pra chorar de amores!
Sofro, mas bem sei que assim é a vida: com uma mão me distribui dores, porém com a outra, compensadora me enche de carícias.

quarta-feira, 10 de março de 2010


Quero te dizer das coisas que sinto
uma certa agonia de estar só e não ser sozinha
um vestígio de saudade boba que ficou em um canto
escondida pedindo arrego
um nó que se instala na garganta em tardes
em que o sol só existe lá fora
um soluço mudo
uma lágrima sem sentido
uma esperança dançando no fio da existência
um sorriso perdido que acena ao longe quase invisível
um desconforto no estômago parecido com náusea
que incomoda no meio da noite
uma insônia
um estrondo no peito
um meio grito
um amanhecer de aurora quase boreal que pinta o horizonte
e um coração que silencia e pede paz
***

segunda-feira, 8 de março de 2010

MULHERES QUE FIZERAM A DIFERENÇA

ELIS REGINA
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Só pra provar que eu era tua.
(17.03.1945 - 19.01.1982)

CHIQUINHA GONZAGA
Que nos põe a cabeça andar à roda
Sonhando com delícias, com paixões.
(17.10.1847 – 28.02.1935)

CECÍLIA MEIRELES
O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.
(07.11.1901 - 09.11.1964)

ANITA GARIBALDI
"Heroína dos Dois Mundos" (recebe este título em função
de ter lutado primeiramente aqui na América
e morrer lutando na Europa, por seus ideais).
(30.08.1821 – 04.08.1849)

OLGA BENARIO
Militante comunista, foi entregue a Hitler pelo governo Vargas.
Comandou, o seqüestro de seu namorado, Otto Braun.
Foi executada pelo regime nazista
em um campo de concentração.
(12.02.1908 – 23.04.1942)

MADRE TEREZA DE CALCUTA
Recebeu inúmeras honras, inclusive o Nobel da Paz em 1979,
"Pessoalmente nada valho. Eu aceito este prêmio
em nome dos pobres"
(26.08.1910 – 05.09.1997)

CORA CORALINA
Bati na porta de um coração. Bati. Bati.
Nada escutei. Casa vazia.
Porta fechada, foi que encontrei...
(20/08/1889 – 10/04/1985)

BERTHA LUTZ
A conquista do direito ao voto feminino!
Em 1932 Getúlio Vargas aprova o novo Código Eleitoral
contendo o direito de voto das mulheres
(02.08.1894 – 16.09.1976)

MARGARIDA MARIA ALVEZ
Lutou pelos trabalhadores, como registro em carteira,
13.º salário, jornada de oito horas e férias.
“É melhor morrer na luta do que morrer de fome”
(05/08/1933 – 12/08/1983)

domingo, 7 de março de 2010

SAUDADE

A saudade quando se sente, vai queimando o peito da gente, apertando tanto que parece que ficamos pequenos demais quando ela se agiganta.
Existe a saudade sofrida, aquela que a gente acha que não vai acabar nunca, é aquela saudade de alguém que foi embora para sempre. Essa é a pior das saudades. É a saudade eterna, saudade que só não mata porque somos teimosos, porque se dependesse dela, ah, pode ter certeza de que mataria.
Mas nem toda a saudade é triste.
Existe a saudade do amor que está distante, mas que vai voltar. Dá pra imaginar seu abraço de retorno, seus beijos quentes, suas palavras, sua presença viva.
Essa saudade também dói, mas dói diferente, é uma dor com gosto de volta, uma dor com fim predestinado e a aceitamos até como uma benção, pois sabemos que ela só existe porque é fruto de um grande amor.
Só quem sente uma grande saudade, sabe o que é acordar na madrugada e sentir ao lado, como uma leve brisa a presença de quem não está, respirar o ar da noite como se absorvesse o perfume que o vento trouxe como por encantamento.
Nada mais sublime do que sentir essa saudade. Temos até a ilusão de que a pessoa amada esteve ali por um instante, um breve instante, deixando dentro de nós a certeza de que logo, sua presença será real, aí antão, a saudade é que se tornará pequena até não mais existir, dando lugar aos afagos sonhados, aos beijos tão esperados, ao amor eternizado.


A menina correu
a desvendar os mistérios do mundo
a contemplar as belezas que havia
por trás de cada cortina
Aprendeu a combinar cores
e coloriu seu mundo
e de suas mãos nasceram sonhos

sábado, 6 de março de 2010


Vento sopra
traz saudades
assovia
uma canção de sonhos
e o universo geme
solidário
me fazendo um afago

Quando nada está certo
e as coisas não andam
de acordo com sua vontade
espere
o melhor é ficar quieto

Nada preenche o vazio imenso em que me encontro hoje, tudo parece vago e sem sentido.
Nada quero senão um gole de água e minha solidão.
Nada mais peço além de um pouco de sossego.
Quero comer do pão sem precisar dar um pedaço ao diabo.
Não quero compartilhar minha dor nem o pouco que me resta nesta tarde sonolenta e caótica.
Quero dançar a valsa da vida na ponta dos pés sem precisar pisar no espinho.
Quero ter a liberdade de escolha e hoje não quero nada ouvir.

terça-feira, 2 de março de 2010

Novamente partner e eu
Água-viva

Mar...
Sou mar
Maneira...
Sol, salgar
Mineiro...
Com humor
Dos matos,
Dos morros
Não mato...
Não morro
Amarro,
Queimo,
Amor

(Angelo Portilho)

Mané
Eu sou
Marrenta...
Sou praia, sol
Vento
Ondas...
Siri no pé
De gente chata
Na água
Refresco
No sol
Ardo

(Lou Witt)