sábado, 7 de julho de 2012

Queria escrever algo leve, sabe, dessas coisas que quando a gente lê sente aquela paz que começa lá no dedinho do pé e vai tomando o ser por completo até que num suspiro bem fundo, coração e mente estejam em plena sintonia.
Queria encontrar palavras que me lembrasse da beleza de um pássaro planando...
De um mar azul...
De uma lagoa serena...
Mas talvez hoje eu precise ser mais contundente com as palavras. Não que elas devam ser de ferro, mas que sejam firmes e sem reticências e que acima de tudo tenham o equilíbrio entre o doce e o cruel.
Que quando eu diga ou escreva alguma coisa tenha o cuidado de não deixar que minhas palavras sejam flechas jogadas a revelia sem importar em ferir a carne alheia.
Porque dessas palavras de ferir já estou completa. Transbordei.
Não que eu queira receber apenas doçura, até mesmo porque nem sempre as palavras doces são as verdadeiras, mas quero ser forte o suficiente para não deixar que a maldade humana, inerente ou proposital, me atinja a ponto de eu mudar meus conceitos e perder a nobreza dos sentimentos.
É madrugada e eu sinto dores.
Dói a matéria e o impalpável.
Dói até, e principalmente, o pensar.
E nessa dor inumana minhas palavras travam e tentam encontrar uma brecha onde possam escoar para que não se tornem pedras.
Olhar para o nada às vezes queima mais do que olhar para o fogo e nesse vazio não quero me consumir.
Desvio o olhar para o mosaico das paredes traduzido em fotos e percebo que a vida é um rio que desagua ladeira abaixo e que não existe represa que possa segurar suas águas.
Nesta madrugada insone precisava de um abraço, mas me contento com um café.
Peixes. Pensei em peixes.
Gosto de peixes. E de pássaros.
Mar e céu...dois extremos.
Mar e céu...vida e além.
As palavras que me feriram continuam aqui, mas não vou permitir que elas se tornem parte de mim.
Exorcizar fantasmas. Como é difícil!
Eles ficam em nossas entranhas, corroem nossas vísceras, comprimem nossa alma e tentam de todas as mórbidas formas abalar nossa essência.
Dor insuportável de fantasmas e corpo, que tenta me fazer sucumbir.
Café. Um cheiro bom que entra pelas narinas e confunde o pensamento.
Consegui aquele suspiro bem fundo por conta de um café e quero mais do que isto.
Quero o gosto e o líquido quente me trazendo energia.
Comecei a ficar mais leve agora apesar das dores e na parede está escrito esperança.
Quando se perde a esperança se perde tudo. Eu já perdi.
Recuperei por sorte.
Nossa, que confortante saber que ainda me resta a esperança.
Não, não me resta apenas a esperança.
Ainda tenho vida e busco forças.
Ainda me sobra amor.
Será que alguém já fechou os olhos ao tomar um gole de café?
Que sensação boa que dá.
Logo será dia e o dia não vai esperar para que eu me refaça. Talvez se eu dormir um pouquinho as forças voltem.
É quase dia e ninguém consegue segurar a aurora. Ela rompera a escuridão e as trevas serão luz.
Posso até ouvir o universo sussurrando por entre os vestígios da noite.
É quase um novo tempo, uma nova era chegando.

Lou Witt

Um comentário:

  1. Boa noite, Lou!

    Há tempos sou sua fã.Adoro suas poesias, inclusive publiquei várias no meu blog e tenho uma pasta com as minhas preferidas, que pretendo ir publicando. Acabei de trabalhar com os meus alunos as poesias da Roseana Murray e a próxima poeta será você.
    Sempre venho aqui, sou encantada com seu blog. Mas é preciso que falemos o que pensamos e sentimos, não tem como o outro adivinhar se não dissermos o quanto o admiramos e apreciamos o que faz.
    Beijo carinhoso, um ótimo final de semana!

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