E quem disse que tudo quanto é belo é bom? (Ou vice-versa)
Eu vi a face do mal, assim de relance, como um flash, um relâmpago, uma centelha. Foi então que descobri que ela se esconde por detrás de uma beleza infinda, uma beleza que seduz e nos deixa tão inebriados que não somos capazes de resistir.
Eu vi demônios que saltavam pelos olhos e saiam pela boca em um som roubado de harpas, flautas e violinos.
Eu vi anjos em tropéis se afastando quando as máscaras eram arrancadas.
Choravam os anjos quando o mal se despiu e com tamanha habilidade despojou quem estava desatento.
Eu vi o branco se transformar em cinza e a metamorfose do mel em acre quando o dedo apertou a ferida e jogou fumaça nos olhos no momento em que a claridade se fechou e o palco se cobriu de labaredas.
Quente e fumegante.
O mesmo calor que antes era afagos e que dava a falsa sensação de contentamento naquele instante transformou-se em habitação de almas afoitas.
O mal me abraçou sedutor e destemido e eu me deixei levar por caminhos de flores e pedras, por vielas e avenidas, entre o inferno e o paraíso.
Lou Witt