quinta-feira, 12 de abril de 2012


Quem roubou as cores do meu mundo?
Pra onde foram os dias amenos de outono onde o vento brando carregava folhas?
Que mãos gigantes vieram do nada e me apertaram a garganta até quase a morte?
Que instante fugaz de contentamento é este que nem sequer tempo de tocá-lo eu encontro?
Foi de giz escuro que pintaram meu quadro.
Foi de dores vastas que me abarrotaram a alma.
Ontem haviam gardênias na sacada que perfumavam asas de colibris. E margaridas onde pousavam faceiras borboletas.
Havia gatos que se espreguiçavam nas muretas e pássaros que com asas velozes pulavam, ora aqui, ao ali, sem o temor de serem pegos.
Hoje vi uma flor de maracujá desbotada  em um jardim alheio e tive a impressão de que antes as flores de maracujá tinham outro brilho, eram mais lilases. Passei a gostar menos delas.
Escrevo nas paredes o que deveria ser inserido na memória, o que deveria fazer parte do cotidiano, o que tornaria a existência viável.
Não existe amanhã nem ontem. O orvalho não faz pulsar as folhas quando a madrugada ressurge.
Tudo dorme na dimensão do meu ser.

Lou Witt

domingo, 1 de abril de 2012


Hoje eu preciso da terra
Da semente que me dará raízes
Da corrente do mar
Do sal da vida
Preciso de vento que me sopre verdades
Preciso de flores
Bem mais do que folhas de outono
E mais do que palavras
Preciso de atos
Preciso de ruas, avenidas, pontes...
Preciso de chuvas, de amores...
Não quero mais o deslizar das horas mortas
Nem o naufrágio da esperança
Hoje eu preciso de urgências

Lou Witt