FELIZ CIDADE... FELIZ IDADE... FELICIDADE???
Como diria Leminski hoje
acordei bemol.
Essas noites que me vem
acontecendo são de puro e natural entorpecer.
A escuridão já não me sufoca
e sim me abraça.
As noites dotam-se de um
respeito profundo e até os móveis fecham os olhos para nem sequer ver o meu
sono.
O mundo acorda e eu saio
paras as ruas debaixo de um sol quase inteiro.
Essa calma de pensamentos,
esse caminhar sem sombras, quase letárgico, me movimenta com o corpo e a alma
leve.
Um pássaro canta, não,
vários pássaros cantam. Deve ser bom viver pássaro. Se me for permitido um dia
quero ser um. Ter os braços em forma de asas e a fala em forma de canto.
Mesmo que a vida seja mais
breve ainda acho que vale a pena e as penas.
O mundo acorda e me vejo diante
da claridade, não apenas a claridade do dia, mas a claridade da vida e o que
sinto não é nem de longe euforia.
É uma paz desconhecida, uma
calma sutil e inesperada, uma ausência de dor de alma – esta mesma que
costumava doer de tanto doer.
Como de costume passei
protetor solar. Sou de uma brancura alvejante e até já aceitei isso, não fico
mais exposta ao sol com a intenção de mudar de cor, afinal, não sou camaleão.
Queria era ser pássaro.
Hoje acordei bemol e então
fico a me perguntar: Será isso a felicidade?
Lou Witt