sexta-feira, 11 de janeiro de 2013



A tempestade de ontem havia sido negra, feroz como mil panteras. Como todos os dragões que cospem fogo na terra do faz de conta.
Rasgou as vestes do dia, lavrou o peito, arou sentimentos.
Feriu o inconsciente, o subconsciente, tremulou toda a estratosfera.
Imensidão... espaço sem fim.
E ela a andar... trôpega, frágil... a andar.
Ontem foi enfim assim, em fim.
E nasceu outra aurora, outro sol, outra claridade. Como se um raio cortasse o horizonte abrindo um rasgo onde os olhos quase se perdem.
Cavalos brancos.
Vestes brancas.
Mar azul.
Uma estrada sem muros e o susto da liberdade, quase, mas nem tanto tardia.
Um tropel de anjos pedindo licença para entrar.
Harpas, violinos e um som quase inaudível, um som novo, e um medo, um medo cego do novo.
O mundo já não era mais o mesmo.
Não existiam mais castelos de areia, nem a ordem mecânica das coisas.
Algo havia se rompido.
Ela estava nua, despojada de toda a vestimenta que a encobria até os olhos.
Estava nua e ao mesmo tempo tão pura.
Ela já não era mais ela.
Ela era o mundo.

Lou Witt

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013



Coração igual tambor
tum tum tum no peito bate
Quando o compasso do tempo
Vai sulcando seus caminhos
Não existe hora parada
Nem ponteiros que regressam
Deixa que bata o coração
tum tum tum
Deixa que bata

Lou Witt

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Existe um sol todos os dias embora nem sempre eu o veja.
O dia nasce... o pássaro canta...
A mão gigante de Deus pousa sempre em minha cabeça,
mesmo que eu não a sinta.
O outono é sempre outono quando as folhas caem
e sempre haverá um inverno antes da primavera.
É a lei da vida, o compasso do mundo...
O universo vibra, transmuta, se renova...
A esperança baila na aurora dos dias.
E passam luas
E dias renascem
O vento varre... a ferida vai secando...
A vida pede uma nova chance
E todas as orações se fazem canto
Das pedras a areia
Das dores o alento
Da solidão a entrega
Do extremo da dor
A um novo tempo de fé e esperança.

Lou Witt

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Uma brisa tênue
Quase um sopro
Quase névoa
Breve
Breve
Tocou-me leve
E desapareceu
Ficou um cheiro
Indefinível
Quase esperança
Quase paz
Uma promessa

Lou Witt