Sobre o amor e suas peculiaridades
Descobri que o amor é imperfeito, que amar é imperfeito.
Que somos seres imperfeitos na busca de algo perfeito. Algo
que não existe.
O dia a dia nos ensina. A vida nos ensina.
O cotidiano nos mostra isso o tempo todo, pena que nem
sempre temos a capacidade de ver.
Vivemos a procura de um amor de sonhos.
Um amor feito de poesias e belas palavras.
Sentimos até o cheiro do amor-conto-invenção.
Vivenciamos esse amor na nossa busca insana pela perfeição,
pelo sonho das mil e uma noites.
Em nossos mais loucos delírios idealizamos a pessoa alvo do
nosso amor supostamente perfeito como a oitava maravilha do mundo e baseados
nessa expectativa “caímos de paraquedas” e vendados num campo desconhecido e
louco do qual sequer conhecemos a porta de entrada e nem em sonhos (ou
pesadelos) sabemos por onde caminhar.
Mas fazemos poesia, porque poesia é preciso.
E a noite quando olhamos nossas paredes, quase sempre
pintadas de branco (porque não ousamos jogar uma tinta colorida), os tantos sonhos
nos enfeitiçam e temos novamente a certeza de que o mundo das ilusões vai pular
da fantasia e passará a fazer parte da nossa realidade.
Ledo engano. Nada acontece.
Então chegamos à conclusão de que estamos lendo demais
contos e lendas, histórias da carochinha, faz de conta com finais felizes.
Esquecemos que o amor é um construir diário, que as
imperfeições é que nos fazem gente, que ser gente é ser passível de
imperfeições.
Voltamos nossos pensamentos a um mundo tão cheio de ilusões
e esquecemos de segurar a mão do ser lindamente imperfeito que pode estar ao
nosso lado.
Mas se tivermos sorte e aquele algo mais sussurrar em nossos
ouvidos nos dizendo que o amor é também o acordar descabelado e com olheiras,
que é a roupa suja pra lavar, o almoço, a janta, a desordem da casa, as contas
a pagar, então poderemos nos considerar imperfeitamente em estado de amor.
E apesar disso
E tão simplesmente por isso
Continuaremos a fazer poesia.
Lou Witt