Em tempos idos quando os dias eram de cores e luz existia uma flor frágil e bela e um regador atento e cuidadoso.
Todos os dias desde o começo de sua existência ele molhava suas pétalas e aspergia a terra que cobria sua raiz.
Ela confiava e esperava e reinava a paz onde o amor era presente.
Porém um dia ele acordou desatento e por um descuido involuntário esqueceu da flor.
Naquele dia o sol se fez como em nenhum outro desde o começo do universo.
Foi um dia em que as pedras abriam em labaredas e as águas lutavam em desespero para aplacar o incandescente.
O regador distraído fechou os olhos e vestiu a couraça da indiferença sem lembrar da flor.
O vento gemia e o sol era soberano. O universo se transmutava e o mar quebrava em ondas.
E foi assim até que os dias se tornassem serenos novamente.
Então ele abriu os olhos e percebeu que a vida reinava outra vez.
Abriu a mente e concebeu a beleza que ainda restava.
Abriu o coração e lembrou da flor.
Naquele instante em que a consciência voltou, ele de sobressalto correu em direção da flor na esperança de encontrá-la ilesa e tão cheia de vida como em tempos passados. Porém bem lá no fundo de seu pensar sabia que era tarde demais e que de nada adiantaria se transformar em regador novamente.
Avistou a flor frágil por entre as pedras. A seiva que antes a revestia havia sido sugada pelo fogo que fez a terra arder.
Não havia mais tempo nem água que pudesse resgatar o que um dia foi uma linda flor.
E no coração do regador só restou a tristeza e o peso do esquecimento.
Lou Witt
Que Deus sempre me livre de ser
ResponderExcluirum regador rs eu não suportaria
o peso de tamanha negligência;)
Beijos ♥
Envolvente texto!
como sempre, sempre ternura em expansão !! claro que é algo que pode dilacerar almas incautas, mas por outro lado é um chamado de atenção ao coração de quem olha o jardim..obrigado por todos estes maravilhosos anos que florescemos juntos!!
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