quarta-feira, 14 de março de 2012

Naquela manhã acordou com uma dor traiçoeira, um engasgo visceral querendo expulsar o coração do peito e mesmo que houvesse sol, (e havia), dentro de si o dia insistia em matizes de chumbo e cinza.
Era uma dolência intermitente e insana, um mal estar que arrepiava, subia pelo dorso e se instalava na garganta, algo como uma bola de pêlos lambida e ainda não regurgitada.
O dia mal começava e a noite havia sido longa e abissal, de madrugada quente a deslizar para o amanhecer, de sonhos toscos e impensáveis.
Lá fora um pássaro voava baixo, tão baixo que sua sombra parecia grudar no asfalto.
Que pássaro estranho!
Que pensamento tolo!
O que isso tinha a ver com sua dor?
Tentaria mais tarde, quando o dia estivesse quase no fim e o cansaço lhe fosse companheiro, ser menos trágica e extinguir de vez aquela ânsia do peito.
Beijaria em pensamento uma estrela quando a noite voltasse.
Acomodaria dentro de si a esperança mesmo que fosse parva e escreveria na parede,
como um afresco,
um tratado de paz consigo mesma.

Lou Witt

4 comentários:

  1. Já leu algo que parece ser seu? Não estou falando de plágio, nem de nada negativo, estou falando de como a gente pode se ver nas palavras de outras pessoas.
    Lindo texto! Me lembrei de umas minhas visões da vida vezenquando. =)
    Dá uma passadinha no meu blog depois, caso queira ver a alma de alguém transcrita tbm.
    Beijos,
    Aline.

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  2. Quem sabe, alguns momentos de reflexão descobrisse o real motivo da dor, favorecendo assim a sua cura. Lindo amiga.

    Beijos,

    Furtado.

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  3. Olá seja bem vinda aos nosso blogs, é um prazer ter você conosco, saiba que admiramos muito seus poemas ...
    Ofertamos a você uma página no blog caso queira postar algumas de suas linhas ...

    Receba nosso abraço !!!

    Raphael & Mynda

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  4. Raphael & Mynda,
    não consegui acessar o blog de vcs.

    Beijinhos

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pétalas