quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Nada aconteceu depois daquelas tardes quando os olhos cintilavam o brilho por trás da persiana e o gato arranhava o braço do sofá deixando escapar um ronronar solícito e manhoso.

Nenhum dia foi diferente e nem houve promessa de que seria no decorrer dos próximos anos e próximas vidas talvez.

O acúmulo dos dias seria desimportante e não haveria promessas a serem cumpridas nem partilhar de sonhos dourados em luas crescentes.

Nada de derrubar muralhas, construir castelos e sonhar com beijos de princesa.

O coração pulsaria manso no peito e a rosa ficaria guardada no eterno livro do tempo até que suas pétalas perdessem completamente a cor.

O nevoeiro que cobria as manhãs de inverno entraria pela janela e seria necessário aquecer o corpo e a alma com chá de maçã e canela porque nas mãos não teria outras.

O gato dormiria na manta do sofá da sala e por vezes roçaria em suas pernas pedindo carinho, o pegaria no colo e escutaria seu ronronar como um motorzinho que fica ligado tremulando.

Em dias de sol olharia pela janela para admirar a delicadeza das borboletas que independente e alheias à sua estranha história não se importavam em ser felizes e coloridas.

E seria assim, para todo o sempre.

Lou Witt

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fraternidade

Braços e abraços
e diante de mim
a solidariedade do mundo.
Quem disse que o amor está em desuso?
Lágrimas compartilhadas
sofrimento repartido.
Quem falou que a dor
não pode ser dividida?
Não quero o exílio interno
quero a fraternidade oferecida.

Lou Witt

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Esperança
Quando finda a tarde o céu tinge-se de vermelho e gris
A vida adormece nas encostas e estepes
e a noite com seu manto negro
cobre uma parcela deste vasto mundo
Calam-se os cantos
Dormem os pássaros
Peixes buscam refúgio
Tudo espera pelo breu da noite que descansa corpos calejados
e esmaga corações aflitos
A noite é soberana e geme saudades em camas vazias
O escuro dói e o vento assovia uma canção de ninar estrelas
E tudo é silêncio e solidão

Mas no romper da aurora quando o dia aponta
Brilha um sol de ouro atrás do horizonte
Vertem córregos
Mares geram pérolas
Nascem margaridas
Brilham violetas lilases
Colibris beijam flores
E a esperança é uma borboleta
de finas asas douradas

Lou Witt

quinta-feira, 23 de setembro de 2010


Vou te contar uma histórinha:

Estava eu um dia no trem da vida, dei um cochilo e sonhei com uma fada que me disse coisas que jamais esquecerei.

Ela me falou que a vida não é feita só de alegrias e que as pessoas sem querer nos fazem sofrer e para viver em paz neste mundo é preciso ser tolerante, sábio e paciente e acima de tudo tem que saber amar.

Disse-me que ninguém é completamente bom nem mau e que devemos sempre buscar o melhor dentro de cada ser humano por mais que isso possa nos parecer difícil algumas vezes.

Confidenciou-me que certa vez jogou um pozinho sobre o mundo espalhando o amor para que todos se amassem e o amor se tornasse uma lei universal, mas um vento muito forte soprou e algumas pessoas ficaram isentas ou pouco se beneficiaram e infelizmente o amor às vezes enfraquece no coração dessas pessoas.

E por último ela me falou que um dia eu encontraria alguém que havia sido atingido em cheio pelo pó mágico e que esta pessoa seria uma luz na minha vida.

Não falou seu nome, apenas disse que eu saberia quem era quando chegasse à hora e que eu pegaria sua mão e voaríamos juntos.

EI, AINDA TEM PÓ NA SUA CABEÇA!
SEGURE MINHA MÃO, VAMOS VOAR?

Lou Witt

Ah
se todos os dias fossem de flores
seria uma eterna primavera
dentro de mim

Lou Witt

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Bailarina

Nas noites de lua e brumas
me banho de orvalho
e me enfeito de flores
E na dança que a vida toca
feito pluma leve sou bailarina

Lou Witt

domingo, 19 de setembro de 2010

Mãos que se perdem
Línguas que se encontram
Pele
Seda
Salivas
Poros que se grudam
Corpos que se fundem
Estrelas que nascem
No céu dos amantes

Lou Witt

sábado, 18 de setembro de 2010

Florescem ipês
amarelando as ruas
e um girassol no céu
pinta de dourado
os dias de setembro

Lou Witt

domingo, 12 de setembro de 2010


Pedi ao vento
que te levasse meu amor
soprei a ele meu sentimento
Ele saiu de mansinho
e foi espalhando flores
deixando no ar o perfume
da minha saudade

Lou Witt

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Minha irmã tinha um sapo chamado Rodrigo


Um certo dia ele apareceu na garagem de sua casa e ela resolveu adotá-lo.
Durante o dia ninguém o via, escondia-se não se sabe onde, talvez por medo dos predadores.
À noite, exibia-se sempre embaixo de uma lâmpada como se fosse um artista sob a luz de um holofote.
Minha irmã sentia-se orgulhosa de contar às pessoas que tinha um sapo morando em sua garagem, seu mais novo animal de estimação.
Desconfio que na calada da noite com “pés-de-pano” ela levantava sorrateira e escondida do marido, um simples mortal, beijava o sapo, na esperança de ganhar um príncipe.
Mas, um dia Rodrigo sumiu, não se sabe pra onde nem por quê.
Talvez tenha sido morto, quem sabe caiu no mundo, ou na pior das hipóteses, finalmente encontrou sua princesa, foi beijado e transformado para sempre.
E minha irmã só ficou com a lembrança de Rodrigo.

Lou Witt

sábado, 4 de setembro de 2010


Eu quero te fazer uma canção
que fale do brilho dos meus olhos
e do pulsar do meu coração
Eu quero te cantar em versos
e te transformar em poema
ao deslizar dos meus dedos

Lou Witt