terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Chove na tarde de silêncios onde o coração pede alento
O asfalto negro brilha como olhos afoitos
A dor é sempre companheira
Sempre pungente e eficaz
Apenas as letras que enfeitam páginas mudam os tons
Assim como os dias que correm velozmente
Por entre os tempos...

Lou Witt

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


Queria entender os silêncios
Queria permanecer em silêncio
Mas meu coração é teimoso
E sempre grita

Lou Witt

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Qualquer semelhança é mera coincidência


Em tempos idos quando os dias eram de cores e luz existia uma flor frágil e bela e um regador atento e cuidadoso.
Todos os dias desde o começo de sua existência ele molhava suas pétalas e aspergia a terra que cobria sua raiz.
Ela confiava e esperava e reinava a paz onde o amor era presente.
Porém um dia ele acordou desatento e por um descuido involuntário esqueceu da flor.
Naquele dia o sol se fez como em nenhum outro desde o começo do universo.
Foi um dia em que as pedras abriam em labaredas e as águas lutavam em desespero para aplacar o incandescente.
O regador distraído fechou os olhos e vestiu a couraça da indiferença sem lembrar da flor.
O vento gemia e o sol era soberano. O universo se transmutava e o mar quebrava em ondas.
E foi assim até que os dias se tornassem serenos novamente.
Então ele abriu os olhos e percebeu que a vida reinava outra vez.
Abriu a mente e concebeu a beleza que ainda restava.
Abriu o coração e lembrou da flor.
Naquele instante em que a consciência voltou, ele de sobressalto correu em direção da flor na esperança de encontrá-la ilesa e tão cheia de vida como em tempos passados. Porém bem lá no fundo de seu pensar sabia que era tarde demais e que de nada adiantaria se transformar em regador novamente.
Avistou a flor frágil por entre as pedras. A seiva que antes a revestia havia sido sugada pelo fogo que fez a terra arder.
Não havia mais tempo nem água que pudesse resgatar o que um dia foi uma linda flor.
E no coração do regador só restou a tristeza e o peso do esquecimento.

Lou Witt

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


Foi numa noite dessas comuns quando nada se espera que ela o encontrou. 
Trazia nas mãos o perfume das flores e um poema que falava de amor.
Talvez a lua fosse crescente, ou nova, até podia ser cheia, mas isso nem importa, de qualquer forma houve um brilho no céu.
Ela sentiu que algo aconteceria daquele momento em diante. Não era sexto sentido ou premonição, nada disso, era uma esperança nova que lhe soprava no ouvido dizendo que por detrás da cortina havia um sol cor de ouro e pássaros que davam boas vindas.
Talvez até fosse primavera.
Talvez voltasse a ver o arco-íris após a chuva.
Quantas noites sem estrelas haviam passado?
Quantos dias de uma infinda dor sem sentido?
Quantas batidas de um coração solitário?
A vida era um arrastar de horas sem muito o que esperar.
E foi então que ele chegou.  Parecia que já o conhecia, uma espécie de déjà vu, de vidas passadas, de algo que nem mesmo compreendia.
Um novo desejo no peito foi nascendo como semente que rasga a terra, como flor que desabrocha em manhãs de sol.
Um gosto doce na boca, manga, sumo escorrendo, lichia, abacaxi.
Começou a pensar novamente no sal que tempera a vida, no suspiro infindo pra depois do amor... em margaridas...

Lou Witt
É por você menina
que o meu amor transborda
e brilha branco feito algodão
É pra você que guardo
meus sentimentos ternos
e meus melhores desejos
É você menina flor
o brilho que a minha vida precisa
o amor que carrego comigo
até a eternidade

Lou Witt

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


Apagaram-se todas as velas
Todas as luzes
Todos os vagalumes
O coração saltou do peito
E o poço ficou sem fundo
Apenas o som do desespero se ouvia
Talvez ao longe
Bem longe houvesse o aceno da esperança
Ou quem sabe bem próximo
Uma brecha qualquer...
Mas os olhos teriam que estar abertos...

Lou Witt


A poesia me persegue quando estou triste
Me chama
Quer me tirar pra fora  de mim
Quer me dar asas
E por vezes eu não sinto dor
Sou apenas alguém dentro da dor
Ínfima
Quase nada
A menina esperança foge
Mundo afora descalça
Não a alcanço e sinto o amargo da morte a escorrer pela boca
Um grito mudo se agiganta
Rompe todas as artérias
Desfalece todos os sentidos
E a vida baila
Entre o real
E o inatingível

Lou Witt

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012


Foi um tempo difícil
De noites insones
De desertos infindos
Solidão, quase...
Uma alma pedindo um gole de vida
Uma trégua da dor
Olhos de chorar mares, mares distantes, inatingíveis
Sem cão para lamber a ferida, sem jardins, nem borboletas
Tudo ficara no esquecimento
No vazio de dias tão iguais
Um coração inquieto
Uma alma afoita
E um vento que soprava sempre
E sempre...
Foi um tempo difícil
De noites insones
E desertos infindos...

Lou Witt

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

 

O meu amor tem o verbo amar
incrustado nas palavras.
Ele é peso leve que me empurra
e brinca comigo,
ladeira abaixo,
riacho acima.
O meu amor tem a fala mansa
que me seduz e me faz ser menina.
E nas noites quando as estrelas caem
e me cintilam os olhos,
é ele quem me conta histórias
e me recita versos.
E quando estou triste meu amor
me traz a lua de presente.
O meu amor é todo sentimento
e dança comigo
quando toca um Blues...

Lou Witt