sexta-feira, 30 de julho de 2010


Meu avesso saltou para o lado de fora
o estômago está exposto
e o mal-estar é insuportável
necessito urgente de uma dose de adrenalina
e antiácido para a alma

sábado, 24 de julho de 2010


É preciso estar atento
às pequenas coisas
e não deixar
que as grandes as ofusquem
porque elas muitas vezes
guardam a beleza e a verdade

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Com a palavra meu amigo Juninho:
Jamais tive pretensão e talento para equilibrar as palavras na construção de bons versos, mas costumo registrar os raros lápsos da falta dessa qualidade. No dia 17 de abril de 1998, por uma razão que não recordo, mas que certamente me tocou, registrei o seguinte texto:

Menino de rua

Pés descalços e pele semi nua. Tua casa é a rua.
Teu brinquedo não é bola, é cola.
Tua lágrima quase nunca é vista, quase sempre
estás sozinho.

Sozinho de amor, abrigo, braços, abraços, beijo e carinho.

Na janela do meu carro me chama de “tio”,
me pede uns trocados para ajudar em casa,
ajudar o pai, ajudar a mãe. Que pai? Que mãe ?
Vou embora, te deixo um trocadinho,
no meio da rua, no meio do caminho.
Pelo retrovisor, vejo a encruzilhada da vida.
Vida que só te olha quando entorpecido,
sonha outra vida, em um banco de praça
ou no chão, confortavelmente coberto
com um pedaço de papelão.

Menino de rua, a falta de sorte é tua, mas a culpa é minha.

Menino de rua não quer cola.
Quer amor, abrigo, braços, abraços,
beijo, carinho, escola e BOLA !

(Miguel Vieira Jr)

Minha maior pretensão nesse caso, é que após doze anos a realidade fosse diferente, que restasse apenas um texto velho e ultrapassado. Infelizmente as palavras que raramente encontro, são as mesmas que terei que dividir com meu filho na tentativa de explicar que muitas vezes ilustrações e textos, são reflexos de uma vida real. No entanto, mais que dividir argumentos, espero ser capaz de demontrar que é preciso redesenhar e reescrever a realidade.
 

O meu amor é como um pássaro que voa
que chega manso e pousa em tua face
e percorre teus sentidos delicado e terno

O meu amor é livre como o pensamento
que atravessa muralhas e quebra fronteiras
leve como o vento na imensidão do espaço

O meu amor é como uma pluma que flutua

domingo, 18 de julho de 2010


Desejos mornos
que nascem de dia
e tornam-se fogo
quando chega a noite
E basta um toque
de tua pele na minha
para que minha flor
desabroche


Sentiu a areia entre os dedos
e a água a molhar os pés
Um leve vento que vinha do sul
balançou seus cabelos
e o cheiro do mar entrou
docemente em suas narinas
Um sirizinho enfiou-se num buraco
e uma gaivota mergulhou
e trouxe no bico um peixe
Ouviu o barulho das ondas
quebrando na praia
e sentiu a espuma branca
beijando suas pernas
num ritual de ir e vir
de bater e deixar seu sal
Ao longe um barco e uma vela
e sonhos que voaram
e foram além do infinito
E no peito um sentimento aflorou
e foi apertando como braços
e invadindo como posseiro
incomensurável
pungente
infinitamente
saudade!!!


Brincamos assim
como um quebra-cabeças
peça por peça
num encaixe perfeito

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Inverno que dói

Quando o inverno chega
e o frio me entra pelos poros
minha alma necessita de calor extra.
Nunca me dei bem com esse frio que maltrata
e conviver com ele é uma batalha que travo todo ano.
Fecho os olhos, e às vezes nem disso preciso
e lembro dos dias ensolarados,
da brisa do mar soprando em meu rosto
como um beijo de Deus
e das ondas lambendo meu corpo
como a melhor carícia de um amante.
E vivo, inquieta à espera
de que esses dias voltem,
que esse frio vá para outras terras
e me deixe aqui,
vivendo meus abençoados dias de verão.

Não existem fórmulas
e a fantasia prevalece
neste mundo de ilusões
onde a emoção
comanda a alma
e a liberdade de sonhar
é absoluta

segunda-feira, 12 de julho de 2010


Poema dedicado ao poeta das palavras mágicas, Alvaro Bastos

Poeta menino

Eu vejo um menino
que sorri faceiro
que brinca e que corre
atrás de uma pipa.

Eu vejo um poeta
que faz lindos versos
que guarda palavras
escondidas nos bolsos.

Eu vejo dois olhos
de pura magia
que dizem que o mundo
é feito de sonhos.

Eu vejo o melhor
que existe no homem
e o mais puro
que sobrou do menino.

sábado, 10 de julho de 2010


A lua de prata
no céu se esconde
As estrelas pingam
lágrimas de saudade
A noite grita
dentro de mim o teu nome

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Paixão Explícita

Gato travesso que pula no muro
me diz bem ligeiro
de quantas matizes é feito teu pêlo?
De quantas estrelas
roubaram o brilho
e agora cintilam pra sempre
em teus lindos olhos?
Me diz por que em noites
de lua tão cheia
tu foges pra longe
e não mais te encontro
oh gato matreiro?
Gato faceiro
de língua que banha
de unhas que arranha
não vivo sem ti
e embora eu bem saiba
da tua esperteza
te cerco de mimos
pois quando ronronas
quietinho na cama
esqueço tuas manhas
e tuas costumeiras trapaças
e fico encantada a te contemplar
oh gato manhoso.

saudade é bichinho voraz
que rói o peito da gente
e sem a nossa permissão
vai comendo de mansinho
e quando percebemos
nosso coração já ta todo furadinho
igualzinho queijo suíço!

Ai, como dói!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

vem com tuas mãos
no mais louco desejo
tua boca no meu beijo
teu corpo grudado ao meu

vem e me faz insana
profana
louca pelo corpo teu
que me chama e me convida
que me atiça
e me provoca
que me inflama
e me faz querer
tudo o que é teu

vem e me diz
coisas no ouvido
geme de prazer comigo
e me beija com paixão
até que meu corpo seja teu
e o teu se una ao meu
e nossos corações pulsem
na mesma cadência
tão perto
tão juntos
tão únicos

vem e me afaga
me lambe
me morde
me aperta
me vira do avesso
me faz delirar
e fundida em teu corpo
amar
e gozar

vem sem medo
e sem reservas
vem com braços
mãos
línguas e pernas
com corpo quente
sedento
e pronto para amar

vem e me diz
coisas doces
apaixonadas
e indecentes
e deixe que eu diga
bem junto ao teu ouvido
que sou tua
que te quero
te desejo
e te amo

domingo, 4 de julho de 2010


Ao toque de seus dedos
lembrei dos girassóis
a invadir o campo
de meu corpo
e ao amar você
sob um céu de estrelas
no meu chão
eu vi nascerem nuvens


A lua de prata
no céu se esconde
as estrelas pingam
lágrimas de saudade
A noite grita
dentro de mim o teu nome


Queria entender os silêncios
Queria permanecer em silêncio
Mas meu coração é teimoso
E sempre grita

sexta-feira, 2 de julho de 2010


Quem colherá o perfume dos lírios
e as cores da azaléia?

Quem mostrará o horizonte de arco-íris
e o púrpuro do céu ao entardecer?

Quem por acaso trará a semente da nova esperança
e plantará um futuro promitente?

Quem me dirá que após a curva
o vento soprará as folhas secas
e me mostrará um chão de estrelas?

Quem no pulsante do infinito azul
me abrirá suas asas
e me esculpirá em texturas e desejos?

E é quando o vento sopra
em meu ouvido seus segredos
que fico sabendo onde faz morada
teu pensamento

quinta-feira, 1 de julho de 2010


Poema em parceria com meu querido amigo Angelo - novembro/2008


Um papo com Hercílio...

Hercílio, nos dê uma Luz
A praia é Mole
Mas vida tem sido muito dura
Com aqueles que não têm nada de "manés"
Somente manezinhos
Avisa lá pra Joaquina
Que ainda tem muita onda para surfar
Mas não precisa de tanta água
A ilha já se formou, Hercílio
Da magia que é a terra
Da beleza das modelos
Se melhorar, estraga
Já está bom demais, não precisa piorar

"Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair mas parar..."

A súplica, outrora cearense,
Agora é catarinense
Talvez do mundo inteiro
E muito deste mineiro
Hercílio, faça a ponte
Devolva-nos um belo horizonte
Faça o molhado secar...

(Angelo Portilho)

Minha resposta

Se a chuva parasse agora
e o sol desse ares de graça
secando o solo e restabelecendo o chão
em um barco eu sairia mar afora
com as ondas batendo na proa
e o vento desmanchando meus cabelos.

Se as águas fossem embora
e tudo voltasse ao normal
eu iria até a costa da Lagoa
saltaria do mais alto trapiche
e mergulharia o mais fundo que pudesse
até ficar completamente sem ar
voltaria à superfície
e dividiria com as gaivotas
o ar santificado da encosta.

Se o vento levasse embora
todas as nuvens carregadas de chuva
eu correria na avenida das rendeiras
e faria da Lagoa da Conceição
meu lugar mais que sagrado
e na montanha mais alta eu subiria
só pra poder mandar pelos ares
uma mensagem a um poeta
que divide comigo seus versos
e nos meus dias de chuva
comigo ele compartilha
os raios de seu mineiro sol.

(Lou Witt)