quinta-feira, 30 de julho de 2009

Riscando o horizonte o sol nasce

penso em você quando amanhece.


Um sol a pino e um céu sem nuvens

penso em você quando o dia está ao meio.


Um sol mais tímido querendo dar aceno

penso em você e um sorriso chega.


Um céu na penumbra e um sol de partida

penso em você e a saudade aperta.


Na noite escura a lua aparece

penso em você e as estrelas brilham

terça-feira, 28 de julho de 2009

Bem em frente à janela havia um jasmineiro e quando o final do inverno se aproximava já podia ver os botões das flores que viriam.

Convivia com aquele jasmineiro há muitos anos e pensava que ele assim como ela não gostava de inverno a julgar pelas flores que nasciam no final de cada estação gelada.

Flores brancas e perfumadas das quais sentia o aroma que adentrava pela janela e inundava seus pulmões.

Quando a árvore encontrava-se bem cheia de flores roubava alguns botões e guardava em algum lugar onde pudesse sentir o cheiro bem mais próximo.

Durante os dias tristes de inverno quando uma flor ou outra brotava era como se um fio de esperança nascesse, mas a flor morria muito rápido e não havia outra em seu lugar e isso era motivo pra que seu coração sentisse aquele aperto tão costumeiro dos dias de frio.

E quando acabava a primavera o jasmineiro se recolhia e ficava ali quietinho com suas folhas verdes esperando a nova era de flores chegar.

E ela passava por ele e respeitava seu silêncio de flores porque com a chegada do sol de verão era a sua vez de recomeçar a viver.

sábado, 25 de julho de 2009


Meia dúzia de sempre-vivas mortas


um calendário antigo com datas marcadas


uma saudade boba de quem nunca foi nem veio


um beijo que roubei na passada do vento


um carretel com um restinho de linha frutacor


um cisco de um olho que chorou muito


um aceno de adeus que nunca mais voltou


duas gotas de orvalho de uma manhã de setembro


a chave que abriu o coração e nunca mais fechou


um barquinho que perdeu o remo e o rumo


uma fita que desamarrou um segredo escondido


meio sorriso amarelado pelo tempo


um suspiro derretido pelo olhar de alguém


um restinho de perfume de um amor antigo


um sonho de menina cortado ao meio


e uma caixa de giz de cera.


segunda-feira, 20 de julho de 2009

Aurora Boreal

Abriu o livro nas páginas onde estavam guardadas as pétalas secas.

Fechou os olhos e sentiu o perfume das flores brancas.

Duas mãos quentes seguravam as suas e em meio às flores os dedos entrelaçavam-se.

Uma borboleta dançou no jardim ao lado e de seus olhos saíram faíscas de felicidade.

Um passo mais à frente e as flores quase amassaram entre os corpos.

Um beijo de lábios famintos numa manhã de setembro.

No peito uma aurora boreal nascia e a vida nunca mais seria a mesma.

Abriu os olhos, fitou as pétalas secas, olhou para o dia frio e escuro de inverno, esqueceu a aurora boreal e fechou o livro.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Às vezes na minha solidão
eu te procuro
Às vezes em meio a tanta gente
eu não me acho.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Violetas
cheiro de chão
pólen de açafrão
beijos de borboletas.

Borboletas
ramos de alecrim
cheirinho de jasmim
perfume de violetas.

E asas de colibris
rápidas e fagueiras
e alma faceira
querendo ser feliz.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Gerânios na Janela

Era uma casinha branca e na frente havia uma janela enfeitada com gerânios coloridos. Ela costumava ficar debruçada na janela por horas a fio como se o mundo fosse apenas aquele espaço e a vida um eterno esperar. Observava as pessoas que passavam e em cada uma delas via algo que lembrava alguém e como um quebra-cabeças ia juntando pés, pernas, cabelo, nariz, boca, cada pedaço de cada um para formar um outro absurdamente intocável, inviável, impossível de se ter.
Quando o sol batia nas árvores e formava sombras ela brincava com sua imaginação e até podia correr com ele pelas calçadas e ruelas da cidadezinha onde morava.
E quando chovia espiava pelo vidro molhado da janela e era até mais fácil de imaginar dele os contornos por entre os pingos que por vezes misturavam-se com suas lágrimas de saudade.
Nos últimos dias andava com uma sensação estranha de que algo novo iria acontecer, não sabia o quê, mas desconfiava ser algo bom, por isso vestia suas melhores roupas e tentava colocar sorrisos no rosto embora muitas vezes com certa dificuldade.
Tinha planos para quando ele chegasse e sabia que chegaria, seu coração dizia disso. O esperaria no portão e na ponta dos pés o beijaria. Um abraço sem fim e o segurando pela mão entrariam. Fecharia a porta e a janela e do lado de fora ficaria o resto do mundo e os gerânios coloridos.

sábado, 4 de julho de 2009

Havia pedras em silêncio
e flores que cresciam
sob o orvalho que caia
e pássaros que dormiam
pendurados nos galhos
onde durante o dia
o sol havia estado.

Havia luzes foscas
nos postes das ruas
e inúmeros bichinhos
atraídos e grudados
pelo falso brilho
da suposta lua.

Havia o latido
de um cão solitário
perdido no escuro
e um gato no muro
ligeiro e matreiro
à procura de caça.

Havia uma cama
com lençóis de cetim
e caixinhas mágicas
para dar de presente
para cada menina
que ainda acredita
em todos seus sonhos.

Havia na noite
um perfume de flores
que veio de longe
nas asas do vento
e chegou me dizendo
que era seu cheiro.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Encontro

E olharam-se nos olhos durante longos minutos até que as pupilas dilatassem e os corações tivessem um pouco de calma.
Corpos, pensamentos, fragmentos de uma história e um sol de setembro.
Vento, desejos e algodão de nuvens passeando no céu.
- Então, está se encontrando em meus olhos? Perguntou ele.
- Não, estou me perdendo. Respondeu ela.