sábado, 30 de junho de 2012


Você levanta seus muros, fortifica suas grades,
constrói suas prisões, se prende dentro de si mesmo
e passa a conviver com seus demônios.
É acordar pela manhã e saber que a liberdade é provisória.
É viver em regime semiaberto e o mais inverossímil de tudo isso é saber que as chaves que abrem e fecham as portas pertencem a você mesmo.
Por vezes em momentos absurdos de liberdade em que você escapa e deixa lá dentro os seus monstros, o mundo se torna vivenciável, viável, possível de ser explorado.
Mas a cada dia que nasce você volta... e volta... e volta...
E a estrada vai se findando.
E o tempo começa a ser escasso.
Um dia por um descuido inerente você se vê caindo em um abismo e junto carrega todos os seus fantasmas e eles ficam lá, naquele seu canto mais escuro e a força deles vem dessa tua obscuridade.
Mas é tão tarde para fechar os ouvidos agora.
O barulho das chaves te tortura, te instiga.
Elas balançam e tilintam,
te desafiam.
Você ouve alguma coisa te chamando por detrás dos muros.
Aqueles mesmos muros que você construiu,
agora tremem e fazem um estrondo assombroso
dentro desse teu mundo fortificado por incertezas.
A esperança que havia desaparecido volta e você salta para fora do abismo.
Alguns fantasmas ficam, outros tantos ainda te acompanham.
Mas você sabe que as chaves ainda te pertencem e a qualquer instante você pode usá-las, basta um gesto e vencer o medo, mas pra isso há de se ter coragem,
porque se você ousar abrir uma porta desconhecida
poderá cair novamente.
Ou quem sabe se deparar com a possibilidade
de não ser mais prisioneiro de si mesmo.
Agora é com você!
Vai correr o risco?

Lou Witt – 28/06/2012