sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Aquele amor
Flor de laranjeira
Pitanga madura
Sol de Primavera

Aquele amor
Nascido na idade dos sonhos
Onde a juventude era toda festa
E colhia as flores antes dos frutos

Eram de algodão doce os beijos
E de promessas inocentes
As mãos que se juntavam

Aquele amor
Passado
Guardado
Para sempre
Na mais bela lembrança

Lou Witt


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Que vento é esse que sussurra clamores em meus ouvidos?
Chega sereno, leve como as folhas do outono, sutil como as cores do entardecer que caem uma a uma fechando a cortina do dia.
Por onde andou esse vento antes de me tocar a face?
Que cabelos balançou antes dos meus?
Que terras, que mares, que ruas varreu?
O vento conta mistérios, segredos, vestígios de outras vidas.
E assovia mansamente, fazendo carícias.
E traz a brisa que beija o dia.
E leva o sereno que molhou a noite.

Lou Witt

quinta-feira, 5 de setembro de 2013



Balada a um poeta

Há faíscas de estrelas riscando a noite
Um poeta se esquiva na penumbra da janela
Desenha a vida na fumaça do cigarro
De solidão cravada no peito
Clichê barato
Restos no prato
Ninguém se importa
Canções nas madrugadas
Agora só lembranças

Parem o mundo
Desliguem as luzes
A hora é morta
O poeta adormeceu

Lou Witt

Não muito a dizer neste dia de sol
É um silêncio que me abraça
E me consome
Ficam minhas vestes
E mais nada
Além do pensamento
Lou Witt


segunda-feira, 12 de agosto de 2013



É noite alta e um silêncio morno me diz que é hora de dormir.
A chuva bate na janela em forma de canção.
Ouço sua serenata e tenho a feliz ilusão de que ela vem do céu só para me ninar.
Chuva mansa e serena que faz carícia na vidraça traz o alento das noites insones onde tantos doem madrugadas afora.
Nesta noite fria eu sou plena de paz e parece que ouço o gemido dos mares e o canto das sereias.
Bem ao longe sei que existe uma embarcação e que no dia marcado chegará até a praia e eu com pés descalços e bagagem leve subirei nela e seguiremos rumo ao infinito onde o futuro irá descortinar o tempo.
Mas agora enquanto espero o sono me levar ouço a chuva em melodia e meu ser se enche de gratidão.
Hoje sou vida.
Amanhã serei eternidade.

Lou Witt

terça-feira, 6 de agosto de 2013




É o meu corpo querendo o teu corpo num desejo louco de línguas e pernas, 
de passar de mãos, de calafrios.
É minha boca desejando o teu gosto e no caminho das tuas pernas te encontrar quente e sem juízo.
Num desejo ensandecido te quero, como gata no cio, bicho que se enrosca.
Menina
Mulher
Asas de demônio a voar em meu dorso
Veias salientes
Gozo permitido
Em meu peito, em meu ventre,
em minha pele alva.
E voaremos em gemidos
Loucos
Insanos
Um no outro
Quase desfalecidos

Lou Witt

Você é assim
um eriçar de pêlos
um sussurro de amor
em meus ouvidos

Lou Witt

quinta-feira, 1 de agosto de 2013



É frio lá fora
A noite geme seus mistérios
A lua dorme
As estrelas se escondem
É frio
A noite geme
Não há vaga-lumes
Nem insetos noturnos
Esconderam-se todos
E a lua dorme

Lou Witt


A morte é apenas uma viagem onde o souvenir é a saudade no coração de quem fica.

Lou Witt


O mundo é uma bola
que gira no compasso do tempo
A criança corre
O jovem dá cambalhotas
O adulto passeia
O idoso espreguiça-se ao sol
Os cabelos balançam ao vento
Mudam de cor
Caem
Faz frio
As folhas amarelam
Nascem flores
O sol aquece
E tudo segue seu curso
O nascer
O viver
O morrer
E a bola sempre girando...

Lou Witt

segunda-feira, 22 de julho de 2013


Menino que cheira cola
E que dorme embaixo da marquise
Tua cama é um jornal
Teu alimento é a fome
A fome de vida

Lou Witt


Um Blues na noite fria

Um Blues
Um edredom
E meu amor
pra me esquentar

O Blues
faz minha cabeça girar
Encosta teus pés nos meus
que a noite está fria

Lá fora o sereno ofusca o luar
e as estrelas se escondem
Toque-me com calor
não quero frio

Se quiser me faça um chá
Puxe o edredom
Deixe o Blues tocar
que a noite é longa...

Lou Witt

segunda-feira, 15 de julho de 2013



Sonhei que escrevia algo belo
Sonhei e acordei banhada de luz

Lou Witt
Existe um muro
E por detrás do muro
Um mundo
Coisas acontecem do lado de lá
Eu espio com cuidado
Não quero assustar os passarinhos
Nem interromper a aurora de luz
Na claridade vejo um gato abanando o rabo
Um cão de olhos brilhantes
E uma criança em toda sua inocência
Parece que nasci hoje
E contemplo tudo pela primeira vez
E na diversidade das coisas
Vejo a perfeição da vida

Lou Witt

sexta-feira, 12 de julho de 2013



Fale baixinho, não assuste os sonhos que repousam docemente na inocência dos corações.
Veja quanta claridade existe por entre as sombras e entenda que os homens de bem se fortificam até do sopro incandescente com o qual os dragões tentam cegar as almas desatentas.
Venha, vamos ver o mundo onde a esperança se sobrepõe às dores.
Não escute o gemido do vento quando estiver carregado de lamentos e tristezas, sinta apenas a brisa que acaricia nossas faces, ela nos fala da vida e da energia que transmuta o universo.
Bem sabemos que por vezes o mal tenta falar mais alto, mas não deixemos que ele seja nosso guia e comande nossos sentidos.
Vamos olhar o horizonte que parece tão distante e acreditar que num simples passo ele possa nos pertencer.

Lou Witt
O que é a vida sem o aconchego de um abraço?
O que é a vida sem o sal do mar, sem o sol na terra, sem as cores que o mundo derrama sobre nós?
O que é a vida sem o encanto da poesia?

Lou Witt




E no caminhar do tempo
Vai-se o poeta
Ficam as palavras
Balançam leves como plumas brancas
Transpassam céus, montanhas e mares
Fazem morada nos corações daqueles que acreditam na magia dos sonhos.

Lou Witt

quarta-feira, 13 de março de 2013



Segure minha mão, não faça barulho, escute meu coração que agora é só teu.
Não me convides para sair à rua, há tantos ruídos lá fora e não quero que me invadam.
Desejo que meus olhos registrem apenas a tua imagem e que o meu sentimento de amor inunde teu ser e te preencha.
Fique aqui, não deixe que teu cheiro se confunda com tantos outros que nada me dizem.
Não dê ouvidos aos rumores da rua, ouça a minha respiração e o ritmo com que meu coração bate.
Tranque a porta, jogue fora a chave e fale bem baixinho para que nem as paredes possam ouvir.
Amanhã você pode arrombar a porta e ganhar o mundo, mas hoje, apenas hoje, que não exista nada além de nós dois.

Lou Witt

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

De domingo a domingo



Sempre amei os sábados mais do que os outros dias.
Sabia no meu íntimo que os outros seis ficavam enciumados.
Sempre detestei as segundas e tinha certeza de que ela sabia tão bem disso que sempre dava um jeito de ser desagradável.
Hoje cada dia que vivo é um dia novo e não importa o nome que ele tenha.
Segundas, terças, sábados... todos são igualmente importantes e tiro deles o melhor que posso e dou a eles o melhor de mim.
Percebo que eles sabem disso, pois me retribuem com carinho.
Melhor assim, evito discriminação e ciúmes.
Os dias são sábios e exigem muito de nós e é prudente que tenhamos um bom relacionamento com todos eles.

Lou Witt 


Poemas nascem das mãos
como pássaros de longas e brancas asas.
São carícias, pétalas de flores,
brisa que chega delicada,
como um beijo em nossa face.

Lou Witt

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013



Gosto da chuva quando bate na calçada.
Ploc...Ploc...
E os pingos se esparramam pelo chão.
Gosto também de pensar que eles se dão as mãos
E se tornam uma coisa só.

Lou Witt


Se meu olhar às vezes parece perdido é porque ainda estou me encontrando neste mundo de tanta diversidade.
E se o silêncio for meu companheiro não se aflija, é porque como indivíduo humanamente falho estarei refletindo sobre as incontáveis maneiras de tentar ser melhor.

Lou Witt

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013



Hoje eu acordei querendo
Toda a intensidade da vida
Todo o mar
Todo o vento que soprar a meu favor
Quero a liberdade das almas brancas
E todas as cores que tem o mundo
Se houverem lágrimas
Que sejam de purificação
Se houverem dores
Que sejam de aprendizado
E que meus dias sejam feitos de amor
Amor incondicional
Amor ao próximo
Ao planeta
A existência de tudo quanto é vivo
A toda a energia que move o universo
E que meu coração seja livre e sereno
E que minha mente seja equilibrada e justa
Porque meu corpo é o que me adorna
Mas o que me move é o espírito

Lou Witt

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013



A tempestade de ontem havia sido negra, feroz como mil panteras. Como todos os dragões que cospem fogo na terra do faz de conta.
Rasgou as vestes do dia, lavrou o peito, arou sentimentos.
Feriu o inconsciente, o subconsciente, tremulou toda a estratosfera.
Imensidão... espaço sem fim.
E ela a andar... trôpega, frágil... a andar.
Ontem foi enfim assim, em fim.
E nasceu outra aurora, outro sol, outra claridade. Como se um raio cortasse o horizonte abrindo um rasgo onde os olhos quase se perdem.
Cavalos brancos.
Vestes brancas.
Mar azul.
Uma estrada sem muros e o susto da liberdade, quase, mas nem tanto tardia.
Um tropel de anjos pedindo licença para entrar.
Harpas, violinos e um som quase inaudível, um som novo, e um medo, um medo cego do novo.
O mundo já não era mais o mesmo.
Não existiam mais castelos de areia, nem a ordem mecânica das coisas.
Algo havia se rompido.
Ela estava nua, despojada de toda a vestimenta que a encobria até os olhos.
Estava nua e ao mesmo tempo tão pura.
Ela já não era mais ela.
Ela era o mundo.

Lou Witt

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013



Coração igual tambor
tum tum tum no peito bate
Quando o compasso do tempo
Vai sulcando seus caminhos
Não existe hora parada
Nem ponteiros que regressam
Deixa que bata o coração
tum tum tum
Deixa que bata

Lou Witt

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Existe um sol todos os dias embora nem sempre eu o veja.
O dia nasce... o pássaro canta...
A mão gigante de Deus pousa sempre em minha cabeça,
mesmo que eu não a sinta.
O outono é sempre outono quando as folhas caem
e sempre haverá um inverno antes da primavera.
É a lei da vida, o compasso do mundo...
O universo vibra, transmuta, se renova...
A esperança baila na aurora dos dias.
E passam luas
E dias renascem
O vento varre... a ferida vai secando...
A vida pede uma nova chance
E todas as orações se fazem canto
Das pedras a areia
Das dores o alento
Da solidão a entrega
Do extremo da dor
A um novo tempo de fé e esperança.

Lou Witt

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Uma brisa tênue
Quase um sopro
Quase névoa
Breve
Breve
Tocou-me leve
E desapareceu
Ficou um cheiro
Indefinível
Quase esperança
Quase paz
Uma promessa

Lou Witt