quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A vida se mostra bela
Na mão que acolhe
No riso que nasce
Nas cores do dia
Nos anos que passam
A vida se faz encanto
Em cada canto do universo

Celebre
Cante
Viva sem medo
Faça valer sua existência
Neste tempo
Que lhe foi dado

Lou Witt

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Olhos

Ele tinha uns olhos de gato. Matreiros. Olhos de fogo.
Ela nunca antes vira um olhar assim.
Devia ser proibido.

Lou Witt

domingo, 12 de dezembro de 2010


Quem disse que a lua não sorri
quando ilumina os amantes
e o sol não se derrete
quando te vê passar?

Quem disse que a noite
não chove estrelas
e o dia não se faz luz
diante de tua beleza?

Quem disse não sabe de encantos
Nem conhece teu riso.

Quem disse
mente.

Lou Witt

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010


Era sábado

Dissestes ser tão meu
E teus olhos lançaram fogo
Num dia de sábado
Quando me confessou amor

E tua voz como um sussurro
Acariciou meus sentidos
E me disse ternamente
Que eu era o teu mundo

E agora quando chega a tarde
Parece que ainda te ouço
E de tão longe vem o teu murmúrio
Apenas em meio aos meus sonhos

Lou Witt

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Simplesmente

Eu te amo através dos mares
Através dos ventos
Eu te amo em pensamentos
Em palavras
Em pele e alma
Eu te amo sem promessas
Sem arroubos
Sem ontem
Sem amanhã
Eu te amo hoje
Agora
Neste momento
Eu te amo simplesmente

Lou Witt

segunda-feira, 22 de novembro de 2010


Delicadeza

Com vestido de flores
E presilha no cabelo
Vou te esperar no portão pela tardinha
E quando chegares
Usarei o meu melhor sorriso
E te darei as margaridas que ainda restarem
Da minha brincadeira
De mal me quer bem me quer

Lou Witt

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Aqui onde me encontro
distante de teu corpo físico
posso sentir tua presença
na minha janela
Posso voar com tuas asas
Sobrevoar o oceano
e alcançar as nuvens
E nesse voo mágico
por um breve instante
solto a tua mão
e toco o dedo de Deus

Lou Witt
Bendita Chuva Bendita

A chuva bateu na minha janela e ficamos assim por um longo tempo,
ela do lado de fora lavando calçadas, ruas, pedaços do mundo,
eu do lado de dentro purificando minha alma
como se aquela chuva entrasse pelos meus poros, pelas minhas veias, pelo meu sangue.
Era algo como uma aspersão divina.
Mas quando abri a janela o vento bateu mais forte e num rompante de trovões e raios
a chuva se transformou e naquele instante chuva e eu nos tornamos uma coisa só.

Lou Witt

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Encantos

Me conta o segredo dos mares
E do quebrar de suas ondas
Onde o canto das sereias
Entoa em terras distantes

Me fala das borboletas
E da beleza dos colibris
Do mundo mágico das fadas
E dos amores eternos

Me segreda os desejos contidos
Por detrás das orações
E me diz onde vivem os sonhos
Que movem nossa existência

Me leva para o teu mundo
E com tuas palavras doces
Toma meu coração de encantos
E enche meu peito de amores

Lou Witt

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Onde estás?

Onde estás na madrugada
Quando meu sono vai embora
E meu pensamento te chama?

Onde estás quando a lua me banha
E os rumores do espaço
Só pronunciam o teu nome?

Onde estás, amor meu
Quando meu coração é um barco
E navega à deriva a te chamar?

Onde estás, quando é noite ou dia?
Quando é luz ou tempestade?

Onde estás
Além de aqui, dentro de mim?

Lou Witt

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Eu me rendo

E você chega calmo e sereno
E me põe leve feito uma pluma
Desamarra meus laços
Tira minhas vestes
Arranca meus suspiros
E todos os meus momentos
Passam a ter o teu nome

Você escorrega para o meu mundo
E eu te abro todas as portas
Você desvenda meus segredos
Compartilha comigo seus desejos
E todas as minhas dores adormecem
Quando você chega cheio de amores

Lou Witt

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quando te falo e sei que me ouves
sinto como se minha voz voltasse
como um eco através dos horizontes
e apenas por isso
já sou feliz

Lou Witt

domingo, 31 de outubro de 2010

Beijos
beijo colorido
beijo estaladinho
beijo de amigo
beijo rapidinho
beijo de esquimó
beijo assoprado
beijo palpitante
beijo demorado
beijo que desperta
beijo que demonstra
beijo viajante
beijo de lembrança
beijo musical
beijo de mordida

pode ser um tanto banal
mas beijo sempre é beijo
e todo mundo gosta de beijar

Lou Witt

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A macieira e a infância
Em meados do outono quando o inverno prometia chegar, a macieira cobria-se de flores rosadas, quase brancas, e perfumava o ar que enchia os pulmões de quem passasse por perto com um doce aroma de flores recém nascidas.
Quando os frutos começavam a aparecer, minúsculos e verdinhos, quase parecidos com uma ervilha, as pétalas desfolhadas caiam ao chão desmerecidas, tecendo um bucólico tapete no qual nossos pés de crianças descalças pisavam como se ali fosse o paraíso.
Naquele tempo, as horas eram contadas pelo andar do sol e sempre que ele se punha no horizonte um certo descontentamento se apossava de nossos pensamentos por saber que o dia estava se tornando noite e teríamos que dormir.
Crianças sempre relutam em tornar um dia findo e queríamos todos os dias infindáveis e espetacularmente perfumados pelo aroma da macieira.
Não que as noites não fossem boas, elas eram também.
Brincávamos de contar estrelas na imensidão do espaço iluminado pela lua e quando não se podia deitar ao solo espiava-se pela fresta da janela para escolher a estrela mais brilhante.
A cada amanhecer o pomar ganhava um novo cenário e as árvores dividiam o espaço com flores multicoloridas e lindos frutos.
Era bom viver assim, em meio ao doce das frutas e ao aroma das flores.
Era divinal não se importar com o desenrolar do tempo que também não se importava com nosso querer e passava sem que tomássemos consciência de sua trajetória.
E ele foi passando.
E a macieira ficava lá sempre a espera de novos frutos e nós, crianças que éramos, corríamos sem limites sem perceber que o tempo impiedoso, aos poucos limitava nosso encantamento.

Lou Witt

domingo, 24 de outubro de 2010

Chove amores em mim
Quando na tarde chegas
E verte risos em minha face

E quer brincar comigo
Como se fosse menino
Que corre atrás da bola

E me arranca suspiros
Quando ficas lânguido
E deixa escapar que me ama

Lou Witt

quarta-feira, 20 de outubro de 2010


Às vezes me acontece algo assim
Tipo cisco no olho
Sapato apertado
Mal estar na alma
É como um pássaro na gaiola
Um deserto sem água
Um tiro no escuro
Um palhaço sem platéia
Um nó entalado na garganta
Um incomodo visceral
É como se um silêncio profundo
Engolisse meu viver

Mas tudo isso é clichê
E eu paro por aqui

Lou Witt

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


Meu pensamento
racional
a todo instante
te nega
Meu coração
sem juízo
em todas as nuances
da vida
te procura

Lou Witt

domingo, 17 de outubro de 2010

É um tanto abissal sentir a cor escura do dia
E contemplar pela janela os filetes de chuva
É esta falta de sol que me põe aflita
Que me sacode a mente
com a velocidade de um raio
E lança trovões
Dúvidas
Temores
E me deixa tão densa
Como as carregadas nuvens
Que jogam lanças de saudade
E cravejam o peito num obscuro ritual
Pingos
Telhado
Vidraça
Coração que bate
Em descompasso
nos passos
da chuva

Lou Witt
Voo no vento
Naquela manhã acordou com uma vontade estranha de ganhar o mundo.

Queria ver as borboletas de outros jardins e os pássaros de outros céus.

Caminhou entre as folhas secas de outono sem olhar para trás e a cada passo que dava o desejo aumentava dentro de seu peito.

Abandonaria seu solitário mundo e buscaria entre o tempo e o espaço um lugar onde as lágrimas fossem de açúcar e o pensar fosse uma fina e transparente seda.

Queria que o orvalho da manhã tocasse em sua pele e a brisa mansa e serena lhe beijasse como um amante.

Olhou a vida como se fosse um algodão doce e delicadamente provou o doce sabor da plenitude.

E o vento soprou como em rebeldia desmanchando seu cabelo e trazendo areia fina para seus olhos.

Travou-se então uma batalha entre a vida o desconhecido escuro travestido de medo.

Queria desesperadamente conhecer o mundo que havia depois da esquina e uma voz doce lhe dizia que para seguir em frente teria que se despir de tudo o que aprendera até então e assim ela fez.

Sentia a pele queimar e uma dor insuportável transpassou seu peito, mas sabia que para atravessar a fronteira do previsível e costumeiro teria que sentir o fio da navalha lhe tirando a couraça dos dias iguais.

Um beija-flor pousou em seu ombro num bater de asas tão rápido que mal ela podia perceber seu voo e um cheiro de alfazema transformou o ar o que a fez lembrar de um ritual de acasalamento.

Levantou as mãos e segurou no rabo do vento que saiu numa louca disparada levando consigo uma alma nua e um sorriso escancarado.

Lou Witt

sábado, 16 de outubro de 2010

EU PRECISO DAS TUAS DIGITAIS EM MEU CORPO

Mário Feijó
09.10.10

Eu choro por ti, não somente por ti, mas por todos os que amam e que não são amados. Por aqueles que não compreendem a si mesmos que se esvaziaram de amor e nem compreendem as lágrimas derramadas.
E quando eu choro é como um pedaço de mim que foi embora sem se despedir. Um pedaço que esvazia a minh’alma, que corrói a minha fé na fraternidade humana.
Será que só eu sofro por isto?
E os outros seres do planeta o que fazem pelo amor?
O que fazem um pelo outro?
Venceu o egoísmo? Em qual ordem de seres eu estou?
Não sou melhor que ninguém, mas em meu peito bate um amor cansado precisado de bengalas para sobreviver, para seguir em frente. Mas eu não desisto, embora sofra, e mais lágrimas caem esvaziando a minhalma esquálida, pálida, sofrida, deprimida.
Eu não queria estar tão sozinho nesta empreitada, mas cada vez menos meu coração encontra o eco de outros corações. Cada vez vejo menos lágrimas por amor ao próximo.
O que eu faço para sobreviver?
O que eu faço com esta saudade que sobrou de ti? Com a minha cabeça cheia de fantasmas do passado num futuro cada vez mais triste?
Olho pro mar e chego à conclusão que metade daquela água salgada saiu dos olhos de minha alma...
Sabe o que eu mais preciso neste momento?
Tuas digitais espalhadas pelo meu corpo...

sábado, 9 de outubro de 2010

Minúcias
Quero verbalizar você
Com o som de todas as letras
E sem pauta e nenhuma rima
Formar palavras que te encantem

Quero descobrir o que fazes
Quando meus olhos não te alcançam
E abrir a porta que revela teus segredos
No toque sutil do pensamento

Quero passar noites a contar estrelas
E desenhar teu corpo em versos
Fazer amor em madrugadas frias
E dançar nas nuvens ao som do realejo

Lou Witt

sábado, 2 de outubro de 2010


Estrelas nos olhos

Embaixo da lua
a estrela pingava
no olho alegria
e no escuro da noite
a menina sonhava
com brilho nos olhos

E os sonhos caiam
do céu em torrentes
enchendo seu peito
que de tão pequeno
ficava apertado
tão cheio de sonhos

Mas por um momento
menina adormece
o tempo aproveita
e quando ela acorda
virou gente grande
sem pingos de estrelas

Lou Witt

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Nada aconteceu depois daquelas tardes quando os olhos cintilavam o brilho por trás da persiana e o gato arranhava o braço do sofá deixando escapar um ronronar solícito e manhoso.

Nenhum dia foi diferente e nem houve promessa de que seria no decorrer dos próximos anos e próximas vidas talvez.

O acúmulo dos dias seria desimportante e não haveria promessas a serem cumpridas nem partilhar de sonhos dourados em luas crescentes.

Nada de derrubar muralhas, construir castelos e sonhar com beijos de princesa.

O coração pulsaria manso no peito e a rosa ficaria guardada no eterno livro do tempo até que suas pétalas perdessem completamente a cor.

O nevoeiro que cobria as manhãs de inverno entraria pela janela e seria necessário aquecer o corpo e a alma com chá de maçã e canela porque nas mãos não teria outras.

O gato dormiria na manta do sofá da sala e por vezes roçaria em suas pernas pedindo carinho, o pegaria no colo e escutaria seu ronronar como um motorzinho que fica ligado tremulando.

Em dias de sol olharia pela janela para admirar a delicadeza das borboletas que independente e alheias à sua estranha história não se importavam em ser felizes e coloridas.

E seria assim, para todo o sempre.

Lou Witt

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fraternidade

Braços e abraços
e diante de mim
a solidariedade do mundo.
Quem disse que o amor está em desuso?
Lágrimas compartilhadas
sofrimento repartido.
Quem falou que a dor
não pode ser dividida?
Não quero o exílio interno
quero a fraternidade oferecida.

Lou Witt

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Esperança
Quando finda a tarde o céu tinge-se de vermelho e gris
A vida adormece nas encostas e estepes
e a noite com seu manto negro
cobre uma parcela deste vasto mundo
Calam-se os cantos
Dormem os pássaros
Peixes buscam refúgio
Tudo espera pelo breu da noite que descansa corpos calejados
e esmaga corações aflitos
A noite é soberana e geme saudades em camas vazias
O escuro dói e o vento assovia uma canção de ninar estrelas
E tudo é silêncio e solidão

Mas no romper da aurora quando o dia aponta
Brilha um sol de ouro atrás do horizonte
Vertem córregos
Mares geram pérolas
Nascem margaridas
Brilham violetas lilases
Colibris beijam flores
E a esperança é uma borboleta
de finas asas douradas

Lou Witt

quinta-feira, 23 de setembro de 2010


Vou te contar uma histórinha:

Estava eu um dia no trem da vida, dei um cochilo e sonhei com uma fada que me disse coisas que jamais esquecerei.

Ela me falou que a vida não é feita só de alegrias e que as pessoas sem querer nos fazem sofrer e para viver em paz neste mundo é preciso ser tolerante, sábio e paciente e acima de tudo tem que saber amar.

Disse-me que ninguém é completamente bom nem mau e que devemos sempre buscar o melhor dentro de cada ser humano por mais que isso possa nos parecer difícil algumas vezes.

Confidenciou-me que certa vez jogou um pozinho sobre o mundo espalhando o amor para que todos se amassem e o amor se tornasse uma lei universal, mas um vento muito forte soprou e algumas pessoas ficaram isentas ou pouco se beneficiaram e infelizmente o amor às vezes enfraquece no coração dessas pessoas.

E por último ela me falou que um dia eu encontraria alguém que havia sido atingido em cheio pelo pó mágico e que esta pessoa seria uma luz na minha vida.

Não falou seu nome, apenas disse que eu saberia quem era quando chegasse à hora e que eu pegaria sua mão e voaríamos juntos.

EI, AINDA TEM PÓ NA SUA CABEÇA!
SEGURE MINHA MÃO, VAMOS VOAR?

Lou Witt

Ah
se todos os dias fossem de flores
seria uma eterna primavera
dentro de mim

Lou Witt

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Bailarina

Nas noites de lua e brumas
me banho de orvalho
e me enfeito de flores
E na dança que a vida toca
feito pluma leve sou bailarina

Lou Witt

domingo, 19 de setembro de 2010

Mãos que se perdem
Línguas que se encontram
Pele
Seda
Salivas
Poros que se grudam
Corpos que se fundem
Estrelas que nascem
No céu dos amantes

Lou Witt

sábado, 18 de setembro de 2010

Florescem ipês
amarelando as ruas
e um girassol no céu
pinta de dourado
os dias de setembro

Lou Witt

domingo, 12 de setembro de 2010


Pedi ao vento
que te levasse meu amor
soprei a ele meu sentimento
Ele saiu de mansinho
e foi espalhando flores
deixando no ar o perfume
da minha saudade

Lou Witt

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Minha irmã tinha um sapo chamado Rodrigo


Um certo dia ele apareceu na garagem de sua casa e ela resolveu adotá-lo.
Durante o dia ninguém o via, escondia-se não se sabe onde, talvez por medo dos predadores.
À noite, exibia-se sempre embaixo de uma lâmpada como se fosse um artista sob a luz de um holofote.
Minha irmã sentia-se orgulhosa de contar às pessoas que tinha um sapo morando em sua garagem, seu mais novo animal de estimação.
Desconfio que na calada da noite com “pés-de-pano” ela levantava sorrateira e escondida do marido, um simples mortal, beijava o sapo, na esperança de ganhar um príncipe.
Mas, um dia Rodrigo sumiu, não se sabe pra onde nem por quê.
Talvez tenha sido morto, quem sabe caiu no mundo, ou na pior das hipóteses, finalmente encontrou sua princesa, foi beijado e transformado para sempre.
E minha irmã só ficou com a lembrança de Rodrigo.

Lou Witt

sábado, 4 de setembro de 2010


Eu quero te fazer uma canção
que fale do brilho dos meus olhos
e do pulsar do meu coração
Eu quero te cantar em versos
e te transformar em poema
ao deslizar dos meus dedos

Lou Witt

sexta-feira, 27 de agosto de 2010


Queria roubar seu pensamento
E como você por um momento
Acreditar que meu amor
Não é assim tão imenso

Lou Witt

Hoje eu ultrapassei
o tênue fio da realidade
e escondi minhas dores na gaveta
E na ponta da caneta
derramei amores
só porque hoje o dia acordou
com cara de felicidade

Lou Witt

sábado, 21 de agosto de 2010


Quando nascer um novo dia
por detrás da cortina do tempo
eu trarei nas mãos violetas
cobertas de beijos
e cantarei uma canção que fale
de sorrisos e cheiro de terra

E quando o perfume das flores
inundar a primavera
eu me cobrirei de pétalas
para que teus olhares
sejam somente meus

Lou Witt

quarta-feira, 18 de agosto de 2010


A névoa que cobre meus pensamentos
tenta esconder o dragão da verdade
que cospe fogo e engole minhas certezas.

Bem ao longe a última estrela cadente
clareia o céu da minha noite
e um luar de sorriso amacia o mundo
só para lembrar que a magia ainda existe.

A água cristalina que desce sobre as pedras da montanha
molha minha face e um frio quase necessário
atravessa a espinha da alma.

Agora se faz noite,
mas quando chegar a aurora
ouvirei o tilintar das salamandras no zunir do vento.

Sentirei o perfume das azaléias que cairão em pétalas
no tapete da existência e me sentirei como se estivesse
nos verões mágicos da ilha
onde o mar deságua lendas e sussurra segredos
desde o canto das sereias
até o revoar das bruxas.

E como fino papel de seda que colorido balança
atravessarei as fronteiras de mim mesma
e aportarei onde o sol é rei
e a esperança trafega livre
em meio aos corações.

Lou Witt

segunda-feira, 9 de agosto de 2010


As palavras dormiram em mim por um longo tempo.
Estavam em gestação.
Hoje elas nascem aos poucos
e quase sempre em horário noturno
quando quase todos dormem.
E é nesse mundo de palavras que eu me perco
e mais me encontro.
 
Lou Witt

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Quase um poema gelado

Descansa a tarde sob um céu de fino gris
E o vento displicente traz a brisa do mar
Fria, diferente de ontem quando o sol era astro e brilhava sobre as peles
Lindos dias de sorrisos e de sal
De coração quente no cair das tardes e no raiar das manhãs
De felicidade


Mas não era disso que eu queria falar e sim desta tarde cinza de abismos gelados
De coração que assola o peito
Que arranha feito gato selvagem
Falaria também da dor que agride o mundo em dias assim
Disto melhor eu nem falar, doeria em mim mais do que dói

E de doer já cansei
A tarde quer ser noite e transformar um pequeno pedaço do universo em breu
E talvez isso me console
A noite escura sempre é melhor do que a tarde cinza
E o amanhecer sempre traz esperanças


Mas por ora só tenho essa tarde que me congela a alma
E um vento que sopra quase uivante querendo passar pela janela
E de mais, até as palavras escondem-se de mim
E eu cato aqui e ali alguma pra poder compor algo que se entenda
Na verdade nem quero que alguém entenda alguma coisa
Se nem mesma eu entendo
E pra que entender se a tarde congelou até meu pensamento?
Se o frio é tanto que a alma treme, pra que entender?


Lou Witt
...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O encantamento dos poetas


Um poema quando é lido
nos dá a feliz ilusão
de que foi feito para nós
As palavras que bailam coloridas
nos sorriem
E ai é que reside
o encantamento dos poetas

(Lou Witt)

o encantamento dos poetas - resposta

as bruxas encantam os sapos;
as princesas: seus príncipes,
as rosas : aos beija-flores,
os amores : meu vício.

o vício de ser o poeta,
aquela que a musa vela e ama,
que sejas a eterna amada,
véu de noiva, sorriso em chamas.

A musa encanta o poeta,
quem dera viver esse sublime
momento de feliz-felicidade
e estar perdido entre os arrupios
e nos seus lábios enrolados
os caracóis da rima querida
o silêncio ! o amor respira
a íra de se ser feliz amado:
pobre beija-flor.

(sergio, beija-flor-poeta)

domingo, 1 de agosto de 2010

Piano

Talvez um dia
eu sente na sombra
de um flamboyant florido
e escreva um livro
Talvez com o passar dos anos
eu compre um piano
e mesmo que meus dedos
nunca tirem dele uma música
passarei as tardes de outono
somente o admirando

Lou Witt


Na madrugada, quando o sono foi embora e o barulho da chuva na janela me chamava em melodia, senti saudades das palavras de um poeta maior.
Peguei seu livro que falava da infância e suas palavras reviradas me levaram de imediato a seu mundo e ler Manoel e sua comunhão com a natureza me remeteram também a minha infância onde a natureza era o que tinha de mais bonito e poético.
E quando amanheceu o dia e a chuva não deixou o sol raiar, foi então que eu dormi, abraçada a Manoel de Barros.

sexta-feira, 30 de julho de 2010


Meu avesso saltou para o lado de fora
o estômago está exposto
e o mal-estar é insuportável
necessito urgente de uma dose de adrenalina
e antiácido para a alma

sábado, 24 de julho de 2010


É preciso estar atento
às pequenas coisas
e não deixar
que as grandes as ofusquem
porque elas muitas vezes
guardam a beleza e a verdade

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Com a palavra meu amigo Juninho:
Jamais tive pretensão e talento para equilibrar as palavras na construção de bons versos, mas costumo registrar os raros lápsos da falta dessa qualidade. No dia 17 de abril de 1998, por uma razão que não recordo, mas que certamente me tocou, registrei o seguinte texto:

Menino de rua

Pés descalços e pele semi nua. Tua casa é a rua.
Teu brinquedo não é bola, é cola.
Tua lágrima quase nunca é vista, quase sempre
estás sozinho.

Sozinho de amor, abrigo, braços, abraços, beijo e carinho.

Na janela do meu carro me chama de “tio”,
me pede uns trocados para ajudar em casa,
ajudar o pai, ajudar a mãe. Que pai? Que mãe ?
Vou embora, te deixo um trocadinho,
no meio da rua, no meio do caminho.
Pelo retrovisor, vejo a encruzilhada da vida.
Vida que só te olha quando entorpecido,
sonha outra vida, em um banco de praça
ou no chão, confortavelmente coberto
com um pedaço de papelão.

Menino de rua, a falta de sorte é tua, mas a culpa é minha.

Menino de rua não quer cola.
Quer amor, abrigo, braços, abraços,
beijo, carinho, escola e BOLA !

(Miguel Vieira Jr)

Minha maior pretensão nesse caso, é que após doze anos a realidade fosse diferente, que restasse apenas um texto velho e ultrapassado. Infelizmente as palavras que raramente encontro, são as mesmas que terei que dividir com meu filho na tentativa de explicar que muitas vezes ilustrações e textos, são reflexos de uma vida real. No entanto, mais que dividir argumentos, espero ser capaz de demontrar que é preciso redesenhar e reescrever a realidade.
 

O meu amor é como um pássaro que voa
que chega manso e pousa em tua face
e percorre teus sentidos delicado e terno

O meu amor é livre como o pensamento
que atravessa muralhas e quebra fronteiras
leve como o vento na imensidão do espaço

O meu amor é como uma pluma que flutua

domingo, 18 de julho de 2010


Desejos mornos
que nascem de dia
e tornam-se fogo
quando chega a noite
E basta um toque
de tua pele na minha
para que minha flor
desabroche


Sentiu a areia entre os dedos
e a água a molhar os pés
Um leve vento que vinha do sul
balançou seus cabelos
e o cheiro do mar entrou
docemente em suas narinas
Um sirizinho enfiou-se num buraco
e uma gaivota mergulhou
e trouxe no bico um peixe
Ouviu o barulho das ondas
quebrando na praia
e sentiu a espuma branca
beijando suas pernas
num ritual de ir e vir
de bater e deixar seu sal
Ao longe um barco e uma vela
e sonhos que voaram
e foram além do infinito
E no peito um sentimento aflorou
e foi apertando como braços
e invadindo como posseiro
incomensurável
pungente
infinitamente
saudade!!!


Brincamos assim
como um quebra-cabeças
peça por peça
num encaixe perfeito