quarta-feira, 7 de março de 2018



Moço senta aqui perto que vou te contar um segredo: 
ontem quando a tarde era púrpura eu vi no céu um arco-íris gigante
que ia de ponta a ponta no horizonte como se abraçasse o mundo.
Vou te confessar, mas que fique só entre nós, 
eu bebi das cores do arco-íris e me embriaguei de sonhos
como fazem os poetas e os loucos 
e te digo mais, moço bonito, o vermelho do arco-íris
tinha o sabor da tua boca.

Lou Witt



Em meio às nuvens
Eu vi um sol de guarda-chuva

Lou Witt



Dona tristeza fez as malas e foi embora.
Mandou um envelope com lembranças.
Nem abri.

Lou Witt



Corre menino
Pega carona na pipa
Vai até o céu
E faz piruetas nas nuvens

Amarra o tempo
Com a linha da pipa
E por um instante
Seja menino pra sempre

Vai logo
Enquanto escrevo este poema
Porque na magia do poema
Pode tudo o que você quiser

Lou Witt




Com medo de quebrar as asas finas
Libélulas se escondem da chuva
Dentro dos corações de quem sonha

Lou Witt




Às vezes tenho uma sensação de bem estar tão grande
que extravasa meu ser, ganha o mundo,
se instala nas flores,
nas pedras onde piso,
nas montanhas que meus olhos avistam.
Toma a forma dos animais,
da minha casa simples,
do ar que se renova e volta aos meus pulmões,
num ciclo de paz e harmonia.

Lou Witt




Às margens de um lago calmo
Vi um barquinho vermelho e amarelo
Sob ele um pássaro refletindo sua imagem na água
E era tanta paz
Que meu coração silenciou

Lou Witt



A noite é bela
E carregada de estrelas
No galho da árvore
Uma cigarra canta
Os pássaros dormem recolhidos e suas penas
A noite tem mistérios
Que se escondem na escuridão
Eu fecho os olhos
E o sono me abraça
E adormeço feliz
Na noite que é bela

Lou Witt

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A água subiu o último degrau da porta e invadiu a sala.
Encharcou as cortinas, lambeu os pés da mesa, esgueirou-se pelo corredor, bateu na parede,apagou todas as brasas.
Entrou pela fresta do baú desmanchando as cartas, deformando as letras, desarrumando as palavras.
Cores de papel machê, vasos de flores mortas, ferro e faca, amontoados de nada, vida jogada fora.
Bolhas de sabão, vidros quebrados, um cão já sem dono no abismo gelado.
A menina com pés de bailarina brincou e na urgência da vida chorou, molhada.
Choveu nuvens.
Choveu dores.
E choveu um mundo todo.
E diante da deselegância da chuva e em solidariedade ao que já não mais havia, os sapos em cortejo militar, respiraram toda a água que puderem e morreram afogados.

Lou Witt
Sorte existirem os loucos
Loucos de pedra
De montanhas
De mares
Loucos de sonhos fartos
De sorrisos escancarados
Loucos de glória
Loucos de amor

Lou Witt
As flores se entrelaçam nos campos
E se misturam confundindo as cores
De longe eu olho com cuidado
E tudo o que vejo
É um imenso manto púrpura

Lou Witt
A menina dança
Com seu vestido de renda
Seus pés são sonhos
de cetim rosa
E seus cabelos
são girassóis de Van Gogh

Lou Witt
Elas estão aqui
Basta eu abrir a janela para ver
Basta eu abrir os olhos para sentir
Basta eu abrir o coração para ser
Como uma flor

Lou Witt

sábado, 26 de setembro de 2015


Garça alva como a lua
Me empresta o encantamento de teu voo
E a pureza branca de tuas asas
Só por um momento
Garça de longas pernas
Me deixa contemplar esse azul infinito
Com a avidez dos teus olhos
Troca comigo só um instante
Garça do pescoço comprido
Que te prometo
Nunca mais sentir ciúmes

Lou Witt

Casario da Fazenda da Armação

Quantas histórias contam essas paredes?
Quanto sol e chuva escureceram essas telhas?
Quem sorriu debruçado nessas janelas machucadas pelo vento?
Quantos amores entraram por essas portas que hoje rangem de saudade?
Quantas vidas chegaram? Quantas se foram?
Quantos sonhos?
Quanta dor secreta ficou escondida em cada brecha da madeira?
Quantos poemas estão guardados nessas tábuas que resistem ao tempo?

Lou Witt

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Quando amanhecer quero segurar tua mão e andar pelos campos.
Colheremos margaridas e com elas você enfeitará meus cabelos.
Subiremos a montanha até que o sol venha nos beijar a face e sentiremos a brisa tênue do vento que levará para longe qualquer dor que possa existir.
Nossas roupas tomarão o formato de nossos corpos e nosso amor a dimensão de todo nosso ser.
Nossos passos terão a cadência daqueles que não caminham em vão e nossos olhos olharão para o infinito azul que cobre o cosmo e o brilho do universo invadirá nossas almas para que em todos os momentos possamos ouvir o coração um do outro.


Lou Witt

sexta-feira, 18 de setembro de 2015


No céu de espelhos
Sob o clarão da lua
A menina se enfeitava
Foi dormir
E acordou
Com pó de estrelas nos cílios

Lou Witt

Outono

As folhas caem anunciando o outono.
O vento varre as ruas e dança em rodopios igual a um noivo carregando sua amada.
A montanha com seu tapete esmeralda aguarda as árvores balançarem os braços derramando sobre ela suas folhas secas.
O entardecer geme como um amante na quase noite fria.
E quando chegar a aurora o sereno suavemente irá beijar os campos esperando que o sol nasça e o ciclo da vida recomece.

Lou Witt

quinta-feira, 17 de setembro de 2015


O amor
Está além de todas as palavras e pensamentos
De todos os egoísmos e descrenças
E acima de todos os impossíveis

Lou Witt

Entre o mar e as montanhas aquietei meu coração
Já andei demais
Já quebrei minhas asas
Já construí castelos de areia
Já cruzei muitos desertos até chegar aqui
Hoje meus versos são de paz e não mais de dor
Meus passos são firmes
Minhas mãos trabalham
Para construir o que um dia foi sonho
E sei que o tempo que ainda me restar de vida
Vai valer pelo tempo
Em que apenas deixei a vida passar

Lou Witt
Silêncio na noite
Parece que todos dormem
Nem um cão latindo na rua
Nem uma música ou som de TV
Nem o canto de algum grilo
Nada interfere no silêncio
Nada quebra essa harmonia do universo
Eu fecho os olhos
E me deixo levar
Pelo silêncio desta paz

Lou Witt

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Vida
Não me lance olhares tristes
Prefiro sorrisos e covinhas
Na tua face aveludada


Lou Witt
Ela tece
Os fios deslizam pelos dedos
Em cada ponto um sonho
Em cada cor uma esperança
Num pano branco e macio
As mãos percorrem um traço
E a linha fina e colorida enfeita o pano
Que toma a forma de pássaro
De árvores
Castelos...
Ela reproduz a vida
Com suas mãos de fada

Lou Witt
Dona tristeza fez as malas e foi embora.
Mandou um envelope com lembranças.
Nem abri.

Lou Witt

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014



De importância as coisas que realmente fazem diferença na tua vida.
Se não acrescentam é porque não fazem falta.

Lou Witt


Vejo casas cheias de gente com vidas vazias
Vejo casas sem sol
Sem sorrisos
Sem abraços
Cada qual cavando sua cova
Cada um regando suas dores

Lou Witt

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Mais um poema bobinho
Que me escorre pelos dedos
Como água doce no riacho
Como calda de caramelo

Um poema colorido
Como fita no cabelo
Brinquedo de criança
Jujubas, confetes, bola de palhaço

Palavras como peixinhos brilhantes no aquário
Como estrelinhas reluzentes no céu

Um poema sem sentido
Com letras do avesso
Com cheiro de dama da noite
Com sorriso de lagarto

Apenas um poema bobinho...
Ah penas!

Lou Witt



ZOOM

Existe um porto
E por detrás do porto um mar
E no mar um barco
E no barco um homem
E no seu peito um coração
E nas batidas do coração o compasso
de uma música
E na música a saudade de um rosto
E no rosto uma lágrima
E na lágrima a imagem
de um porto.

Lou Witt

Sem você eu era como uma folha em branco
Esperando por uma história
Uma canção
Um poema

Lou Witt



Quem é a menina que procura desenhos nas nuvens e passa na boca o vermelho da amora?
De quem são esses olhos que roubaram do céu o azul infinito?
Quem sente seu cheiro de rosa, jasmim e flores do campo?
Quem guarda seus dias e vela seu sono nas noites de lua?
Quais são seus desejos, seus sonhos, seus medos?
Quem seca seu pranto, quem provoca seu riso?
Quem é essa moça de vestido dourado que baila no tempo?

São tantas Renatas, Camilas, Fernandas, Luizas, Sofias.
São muitas Cristinas, Amandas, Clarices, Marias, Marias...

Lou Witt

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Meio-termo

Ando meio sem palavras
Meio sem ação
Meio paralelo
Meio contra mão
Meio assim
Meio sim
Meio não

Lou Witt

Ouço a canção da chuva
Os pingos deslizam pelo telhado
As árvores choram lágrimas emprestadas
Escondem-se nas cobertas cães, gatos e eu
A chuva aquieta a alma e amolece o coração
Será que lava as dores do mundo?
Será que limpa os pecados da terra?
O universo azul se tornou cinza
O mar mistura suas águas
Os pássaros voam para seus ninhos
E a chuva continua
Com sua doce cantiga

Lou Witt

Um novo dia nasceu
Admirei as árvores balançando suas folhas ao vento
Elas se deixam secar submissas obedecendo ao ritual da natureza
Gentes seguem suas lidas
Seus caminhos
Seus destinos
E apesar das lutas e dores
Das alegrias e amores
Um novo dia nasce
E sempre nascerá

Lou Witt

segunda-feira, 17 de março de 2014

Antes dos tempos
Dos ventos
De todas as luas
Antes mesmo da vida
Eu sei que já te amava

Lou Witt

Eu poderia escrever todos os poemas esta noite
e falar do brilho de todas as estrelas.
Eu poderia dizer ao meu coração que lá fora a lua me fala de amores
e cantar a canção que nunca foi escrita.
E dançar a música que nem escuto.
Eu poderia dizer aos anjos que eu os vejo em meus sonhos
e que em cada sorriso carrego a esperança que nunca morre.
E neste silêncio de noite escura eu poderia nem dormir
só para ver o amanhecer chegar.
Mas fecho os olhos e serenamente me deixo levar pelo sono
onde o mundo dos sonhos é o maior poema.

Lou Witt



Se acaso a tristeza não existisse
Seriam mais brilhantes os dias
E mais iluminadas as noites
Seriam doces as lágrimas
E de alegrias
Seriam firmes os passos
E de contentamento
Seria escancarado
O sorriso de Maria

Lou Witt




Mãos de incerteza
reviram latas
A fome ingrata
machuca o estômago
A vida cobre
e ele paga
sem ao menos saber o quê

Lou Witt

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014



Quero o amor
da flor que brota no deserto
Porque nela está a força
dos que lutam
apesar das adversidades.

Lou Witt


Um banco de praça e uma árvore
E o poeta descansa
Traz na alma o peso
De tantos versos tristes
Guarda no coração a mágoa
De tantos amores desfeitos

Mas ele não desiste
Pega a caneta e ajeita algumas palavras
Escolhe as menos sofridas
E na solidão da praça
Faz um poema

Senta uma moça
O poeta sorri
E novamente se apaixona

Lou Witt

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014



Hoje eu faço minha oração para aqueles, que como eu,
vez ou outra se deixam levar pela desesperança.
Eu junto minha fé, ora perdida, e que Deus resgata
sempre quando eu penso não haver mais caminho
e na minha pequenez de ser que erra,
desenho minha alma de flores e desvio dos abismos.
Hoje eu faço minha oração para quem pensa em desistir
e que algumas vezes não consegue acender
a luz da sua existência.
Que sejamos perseverantes e humildes
Fortes e desprovidos de orgulho.
Que cada dia que nasce seja apenas aquele dia
e que as dores sejam de aprendizado.
Que as alegrias sejam contas dessa corrente chamada vida
Que não é de completo boa
Que nem de todo é ruim
Mas que sempre, sempre
nos pede um tanto de fé
e um muito de boa vontade.

Lou Witt 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Aquele amor
Flor de laranjeira
Pitanga madura
Sol de Primavera

Aquele amor
Nascido na idade dos sonhos
Onde a juventude era toda festa
E colhia as flores antes dos frutos

Eram de algodão doce os beijos
E de promessas inocentes
As mãos que se juntavam

Aquele amor
Passado
Guardado
Para sempre
Na mais bela lembrança

Lou Witt


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Que vento é esse que sussurra clamores em meus ouvidos?
Chega sereno, leve como as folhas do outono, sutil como as cores do entardecer que caem uma a uma fechando a cortina do dia.
Por onde andou esse vento antes de me tocar a face?
Que cabelos balançou antes dos meus?
Que terras, que mares, que ruas varreu?
O vento conta mistérios, segredos, vestígios de outras vidas.
E assovia mansamente, fazendo carícias.
E traz a brisa que beija o dia.
E leva o sereno que molhou a noite.

Lou Witt

quinta-feira, 5 de setembro de 2013



Balada a um poeta

Há faíscas de estrelas riscando a noite
Um poeta se esquiva na penumbra da janela
Desenha a vida na fumaça do cigarro
De solidão cravada no peito
Clichê barato
Restos no prato
Ninguém se importa
Canções nas madrugadas
Agora só lembranças

Parem o mundo
Desliguem as luzes
A hora é morta
O poeta adormeceu

Lou Witt

Não muito a dizer neste dia de sol
É um silêncio que me abraça
E me consome
Ficam minhas vestes
E mais nada
Além do pensamento
Lou Witt


segunda-feira, 12 de agosto de 2013



É noite alta e um silêncio morno me diz que é hora de dormir.
A chuva bate na janela em forma de canção.
Ouço sua serenata e tenho a feliz ilusão de que ela vem do céu só para me ninar.
Chuva mansa e serena que faz carícia na vidraça traz o alento das noites insones onde tantos doem madrugadas afora.
Nesta noite fria eu sou plena de paz e parece que ouço o gemido dos mares e o canto das sereias.
Bem ao longe sei que existe uma embarcação e que no dia marcado chegará até a praia e eu com pés descalços e bagagem leve subirei nela e seguiremos rumo ao infinito onde o futuro irá descortinar o tempo.
Mas agora enquanto espero o sono me levar ouço a chuva em melodia e meu ser se enche de gratidão.
Hoje sou vida.
Amanhã serei eternidade.

Lou Witt