sábado, 26 de setembro de 2009


A menina usava um vestido rosa felicidade com poás que pareciam confetes de chocolate cobertos com corantes de diversas cores.
Uma presilha de borboletas prendia delicadamente os cabelos deixando alguns fios soltos dando um ar de leveza ao rosto iluminado pelo sol daquela manhã de setembro.
As mãos levantadas ao céu como que em prece pareciam tocar as nuvens e os pés descalços na areia sentiam a vida brotando em cada célula.
O vento murmurava e o mar carregava ondas que arrebentavam na praia e lhe causavam uma alegria incontida.
No peito o coração crescia como balão inflado em dia de festa e dentro trazia guardada a vontade de continuar sonhando em para sempre ser menina.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

E a primavera chega novamente

E o dia nasce no horizonte com um céu azul sonho refletido nas águas que banham uma ilha com ruas repletas de ipês que florescem roxos, em tons de rosa e na maioria amarelos.
São dias de sol ameno em que os pássaros saúdam as manhãs e cantam nas árvores e em cima dos muros presenteando o mundo com suas melodias.
A natureza brota em sua majestosa essência e as flores que nascem chamam as borboletas que cortam o ar em ziguezague com suas asas de bailarinas.
As joaninhas mais lentas escorregam pelas folhas e o orvalho da manhã banha docemente a grama verde onde descansam os seres invisíveis aos nossos olhos tão encantados com as coisas não tão ínfimas.
Nascem margaridas que sorriem com pétalas brancas e enfeitam os jardins e se desfolham nas mãos de meninas sonhadoras brincando de malmequer.
Irradiam auroras com cores de arco-íris e perfume de jasmim e rosas e a tarde se demora um pouco mais para dar lugar ao entardecer.
E a natureza refulge em perfeita harmonia e segue seu curso alheia a vontade do homem que marca no calendário e sonha com os dias de luz que virão.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Lutas Internas

Há um vazio de nada preenchendo meu todo e uma dor traiçoeira que me apunhala pelas costas.
Há um combate feroz dentro de mim que me revira as vísceras e me sangra os olhos.
Há um silêncio que grita e ecoa pelos cantos da sala e faz tremer as paredes e sacudir minha alma.
Há uma brecha de luz que entra pela fechadura tentando me dizer em desespero que talvez ainda exista tempo.
Há um tempo que se arrasta no desenrolar das horas e gira o globo da minha consciência.
Há um clipe, um papel, uma caneta, um porta-retrato com dois olhos que me afagam a face.
Há uma vida em mim, ainda.


Saudade

A saudade quando chega e se instala silenciosa no peito
nos deixando náufragos e com o coração em escombros
faz lembrar uma tarde de aves a revoar para longe
ou de um barco solitário no mar a procurar por seu porto.

Saudade de um amigo distante a quem muito amamos
e que não vemos a hora de abraçar novamente
de contar histórias e compartilhar outras alegrias
e correr para a vida de mãos dadas como crianças.

Saudade do mar companheiro que saudamos com honra
nas manhãs ensolaradas quando o sol risca o horizonte
e que se faz presença no cotidiano de nossos dias
mas ao pensar em dele ficar distante o coração aperta.

Saudade de alguém que se foi para o desconhecido
para um mundo distante e que nunca mais veremos
mas em um cantinho dentro de nós ficará guardado
e a saudade será para sempre a eterna companheira.

Saudade do amor perdido que deixou tudo às avessas
e do beijo que passeava na pele e calava na boca
das palavras com gosto de festa que saiam dos bolsos
e sempre enfeitavam a vida com punhado de flores.

E assim vamos sentindo saudades todo dia um pouco
e um pouco mais cada vez que alguém vai embora.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

para Sergio beija-flor-poeta

beija as pétalas da rosa que sorri e te rouba o perfume
beija os versos do poema sem rima nem teorema
beija a face da lua em seu rubor no céu pendurada
beija a mão do destino que te fez tão doce e tão menino
beija a manhã ensolarada que te acorda para beijar o dia
beija-me meu beija-flor!

Ao Encontro do Arco-íris

Vestiu seu melhor vestido, aquele enfeitado de borboletas e fios dourados de sol.
Calçou os sapatos que guardava para ocasiões especiais e pegou apenas uma bolsa minúscula, onde guardaria algum achado que não lhe pesasse no caminho e que por ventura fosse importante.
Tingiu os lábios com batom carmim e nos olhos colocou o brilho das noites enluaradas.
Olhou-se no espelho e ajeitou o coração no peito que estava um tanto desacomodado das idas e vindas ao nada e das esperas inúteis.
Beijou a boneca de pano sobre a cama deixando a marca de batom na face rosada que lhe sorria.
Parou por um instante e pensou em quanto tempo havia esperado por aquele momento e em quantas vezes desistiu de percorrer o caminho que a levaria à seus sonhos.
Desta vez não voltaria a guardar os sonhos na caixinha de pandora, algo dentro dela gritava para que seguisse e assim seria.
Retocou o batom, colocou a bolsinha a tiracolo, ajeitou os pensamentos e abriu suas asas.
Ao longe no horizonte como que lhe dando boas vindas, já podia avistar as cores do arco-íris.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Coisas que eu faria se me restasse apenas um dia:

Colheria lírios no campo da paz e enfeitaria minha sala e o branco do meu olho.

Andaria solta no vento e sopraria um beijo para além do além mar.

Dançaria sem sapatos na nuvem de algodão e ouviria os sons do universo até então inaudíveis.

Pintaria o horizonte de púrpura e jogaria pétalas na estrada por onde teus pés pisassem.

Pegaria um punhado de estrelas e juntaria folhas de alecrim e cheiro de canela pra te dar de presente.

Usaria um vestido de renda com lindas matizes e um cabelo de cintilar dourado.

Teria uma boca de rosa e rosas no jardim para perfumar a manhã e enfeitar a tarde.

Não fecharia o olho nem por um segundo para não perder o doce movimento do tempo e o desenrolar das horas.

E quando a tarde virasse noite e os últimos raios do sol dessem adeus ao dia ouviria apenas o grito do meu amor ecoando no peito.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

E sinto assim uma quase vertigem quando te vejo. E resvalo em teu peito bem devagar e encosto em teu dorso. E sinto teu calor me dilatando os poros e o mundo gira feito pião lançado ao chão por mãos hábeis de menino que brinca. E com teus dedos me dedilha e me toca como violino e eu viro música. E feito uma menina eu subo em teus pés e você comigo dança. E a canção é nossa e a vida é plena e cheia de risos.

Entretantas ontem!

Dois pares de azaléias – lilases!
E eu descobri que lilás é minha cor preferida
não de flores, porque essas eu prefiro brancas,
mas de outras coisas
como blusinhas de verão ou dias de primavera.

No mangue entre as árvores estava o pássaro – branco!
No meio do mangue a banhar-se.
E eu só fiquei admirada olhando o pássaro
transformando-se em parte do mangue.

E isso aconteceu ontem, porque ontem eu sai pra conhecer o dia.

sábado, 5 de setembro de 2009

A noite batia na porta
a chuva escorregava no telhado
o que sobrava eram pensamentos
e o imenso nada que ficara
no lugar onde tu preenchias.

E um desejo maior que o peito
queimando
rasgando
um desejo sem nome.
Quando a saudade chega
às escondidas e sem aviso prévio
nos deixa assim em desassossego
e tudo à volta só lembra a pessoa que está distante.
É um nó no peito que não desamarra
um suspiro que não acaba
uma falta que nada preenche.
Poeminha inspirado
Dormia o sol quando te encontrei
e a lua dançava pendurada no céu.
Você chegou com todo seu encanto
e disse que eu era sua amada.
No céu houve um brilho de prata
e na terra choveu estrelas.
Ao Poeta
Vi uma luz que vinha em minha direção
de intenso brilho e variadas cores
dependendo da forma como eu olhava
tinha o azul do céu ou o vermelho do sol
a doce cantiga dos anjos
ou sonoras melodias de amor.
Se eu olhasse com mais cuidado poderia até ver
meninos correndo em desatino atrás de uma pipa
ou até mesmo um riacho da minha infância
onde eu nadava sem medo do perigo.
Vi por um instante assim de relance
a face do homem que mágico e rapidamente
voltou a ser encanto.
Escrevo porque meu mundo interior é feito de palavras e elas são para mim como o néctar da vida. Escrevo sem pretensão de querer ser além do que sentimentos expostos transformados em versos e que saltam de mim para o mundo. Misturar letras é tão necessário quanto respirar muitas vezes e ficar sem as palavras seria como morrer ou viver em um eterno limbo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Foto Poema
Meu amigo Delei foi em Salvador/BA e olhando as fotos que ele tirou lá, me deparei com esta. Ela não necessita de palavras pois por si só, é uma poesia.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sol de março

Te encontrei numa tarde de sol de março
quando um leve vento batia em meu rosto
e já anunciava os dias frios que logo viriam
teus olhos queimaram os meus num olhar de desejo
e desde então nunca mais fui a mesma.

Você chegou e me trouxe encantos
e se fez meu o teu ar, teu canto, teu regato
mas foram-se os ventos de março e você também
ficou o sereno das tardes geladas e sombrias
ficou o frio da saudade e a derradeira solidão.

E vazia de tua presença nos dias todos que vieram
fiquei clandestina à espera de um cintilar de auroras
e na névoa que cobria meus olhos antes de fogo
ficava sempre implícita a promessa do vento
e do sol de março que te traria de volta.

Mas muitos invernos passaram
e até hoje só o verão é que me aquece.