sábado, 26 de junho de 2010

Lua dos amantes

Quando olho para o céu e vejo a lua cheia, redonda feita bolacha maria, daquelas que minha mãe comprava quando eu era criança, só que com mais brilho e muito, muito mais esplendor, fico imaginando como sou ínfima e miúda.

Neste imenso universo de estrelas e cometas, de mundos que nem em sonhos ousamos conhecer, a lua majestosa, se impõe como rainha, e quando é cheia então nem se fala, o céu é todo dela, tudo ao seu redor é coadjuvante.

Não é de se estranhar que lobos uivem, homens se transmutem em lobisomens, fadas voem com seus pozinhos encantados, bruxas confabulem com seus caldeirões de poções mágicas, amantes se entreguem na mais lasciva das paixões.
Tudo é possível quando no céu tem pendurada, uma esplendorosa lua cheia!

E quando Armstrong pisou na lua e flutuando na imensidão daquelas crateras disse: “Este é um pequeno passo para um homem, mas um salto gigante para a humanidade”. Será que por ventura, daqui da terra, avistávamos no céu uma hipnotizante lua cheia?

sábado, 19 de junho de 2010

Incertezas

Minhas certezas são nada e quando estou assim, pensando no amanhã (e sei que não devo) tudo de esvai na bruma densa da tarde.
Os barcos vão e voltam e eu fico sempre aqui a ver navios.
Quando a tormenta me abate o céu negro invade meu ser e me traz incertezas absurdas que me arrancam medos.
Ao longe no horizonte eu vejo uma cor que reluz e alcança o mar e fico extasiada com seu brilho, mas novamente a vã certeza se desfaz e os passos recuam sem ao menos saber o por quê.
Sei das lutas que devo travar, sei do caos, dos espinhos, das flores.
As flores. Que dizer das flores quando desabrocham?
Ontem feri minhas mãos com os espinhos de uma linda flor e me perdi em tanto perfume.
Hoje junto restos de pétalas e de mim.
Amanhã talvez plantarei sementes, mas nada que não possa colher ou guardar.
Guardarei alguns sonhos (nunca consigo me desfazer de todos) e quando o dia nascer radiante dentro de mim, tirarei o pó da alma e espalharei os sonhos diante de meus pés.
Talvez a certeza volte e me reflita no espelho com as cores que ontem se apagaram e me deixaram náufraga.
Talvez eu escancare um sorriso sem me importar se outros são felizes ou não.
Mas por ora o dia caminha lento e sem previsões e tudo se resume em um polido e singelo talvez.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Que sentimento estranho é esse que me domina?

Será que a vida é feita de incertezas?

Por que o tempo passa tão depressa e exige tanto?

Por vezes minha estrada é escura e quando vejo a luz quase fico cega

Não quero viver na corda bamba sem uma sombrinha pra me equilibrar

Não quero cair na lona e sentir que o chão é perto porque quero asas e voar

Não me tirem os sonhos

Não me mostre o fim

Não quero ponto final.

Quero reticências...

Não quero o deserto nem mesmo o oásis

Quero que a vida jorre em todos os meus dias

Quero que o sangue ferva em todas as minhas veias

Quero um coração

Mesmo que doa

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Voo no vento

Naquela manhã acordou com uma vontade estranha de ganhar o mundo.

Queria ver as borboletas de outros jardins e os pássaros de outros céus.

Caminhou entre as folhas secas de outono sem olhar para trás e a cada passo que dava o desejo aumentava dentro de seu peito.

Abandonaria seu solitário mundo e buscaria entre o tempo e o espaço um lugar onde as lágrimas fossem de açúcar e o pensar fosse uma fina e transparente seda.

Queria que o orvalho da manhã tocasse em sua pele e a brisa mansa e serena lhe beijasse como um amante.

Olhou a vida como se fosse um algodão doce e delicadamente provou o doce sabor da plenitude.

E o vento soprou como em rebeldia desmanchando seu cabelo e trazendo areia fina para seus olhos.

Travou-se então uma batalha entre a vida e o desconhecido escuro travestido de medo.

Queria desesperadamente conhecer o mundo que havia depois da esquina e uma voz doce lhe dizia que para seguir em frente teria que se despir de tudo o que aprendera até então e assim ela fez.

Sentia a pele queimar e uma dor insuportável transpassou seu peito, mas sabia que para atravessar a fronteira do previsível e costumeiro teria que sentir o fio da navalha lhe tirando a couraça dos dias iguais.

Um beija-flor pousou em seu ombro num bater de asas tão rápido que mal ela podia perceber seu voo e um cheiro de alfazema transformou o ar o que a fez lembrar de um ritual de acasalamento.

Levantou as mãos e segurou no rabo do vento que saiu numa louca disparada levando consigo uma alma nua e um sorriso escancarado.

domingo, 6 de junho de 2010


Pássaro

Pedra

Chuva

Trovão

Vida

Sorriso

Pão

Magia

E tudo se transforma
Em poesia

quinta-feira, 3 de junho de 2010


O que fazer quando o coração chega na garganta e fica entalado, engasgando, causando um enjoo insuportável?
O que pensar quando o ar é sólido e parece tijolo e a dificuldade de respirar é tanta que deixar de respirar talvez fosse melhor?
Que faca de dois lados é essa que a vida nos joga na cara e divide a alma ao meio?
O espaço me aperta e me aprisiona e tem um grito preso querendo sair em desespero.
Amanhã ele morre, sei disso, mas hoje ele quase me mata.