quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


FELIZ CIDADE... FELIZ IDADE... FELICIDADE???

Como diria Leminski hoje acordei bemol.
Essas noites que me vem acontecendo são de puro e natural entorpecer.
A escuridão já não me sufoca e sim me abraça.
As noites dotam-se de um respeito profundo e até os móveis fecham os olhos para nem sequer ver o meu sono.
O mundo acorda e eu saio paras as ruas debaixo de um sol quase inteiro.
Essa calma de pensamentos, esse caminhar sem sombras, quase letárgico, me movimenta com o corpo e a alma leve.
Um pássaro canta, não, vários pássaros cantam. Deve ser bom viver pássaro. Se me for permitido um dia quero ser um. Ter os braços em forma de asas e a fala em forma de canto.
Mesmo que a vida seja mais breve ainda acho que vale a pena e as penas.
O mundo acorda e me vejo diante da claridade, não apenas a claridade do dia, mas a claridade da vida e o que sinto não é nem de longe euforia.
É uma paz desconhecida, uma calma sutil e inesperada, uma ausência de dor de alma – esta mesma que costumava doer de tanto doer.
Como de costume passei protetor solar. Sou de uma brancura alvejante e até já aceitei isso, não fico mais exposta ao sol com a intenção de mudar de cor, afinal, não sou camaleão. Queria era ser pássaro.
Hoje acordei bemol e então fico a me perguntar: Será isso a felicidade?

Lou Witt

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012



Para onde vão os sonhos?

Onde se perdem os beijos que nascem em manhãs onde o mar é tanto?
Para que mundo distante fogem as promessas e os planos sonhados a quatro mãos e um olhar?
Para qual universo longínquo e inviolável viajam as horas de alegrias?
Hoje quando a areia passa por entre meus dedos e escorrega e foge de mim como todos os sonhos, eu tenho a leve impressão de que o tempo vivido não passa de uma ilusão.
E neste pensamento tosco deixo escapar o que move a minha vontade.
O que me impulsiona para a vida.
E passo a acreditar que sonhos são apenas desejos.
De visionários...
De poetas...
De loucos!!!

Lou Witt

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

~~~ O medo faz do ranger do assoalho
o assombro de mil fantasmas ~~~

Lou Witt
Quero escrever todos os poemas bobos de amor
Deixar o sentimento transbordar em forma de versos
Quero tocar o céu em pensamentos
E pisar em brancas nuvens
Quero acordar em madrugadas calmas
E fazer poesia sem compromisso com as palavras
Porque como já dizia um grande poeta
“todas as cartas de amor são tolas”

Lou Witt

quarta-feira, 14 de novembro de 2012



Atravessei desertos e abismos
Comi o pão dormido
Bebi a água do deserto
Sangrei quase até a última gota
Quase morri quando nasceu o desespero
E tantas luas se passaram
E tantos dias renasceram
E o vento foi varrendo
E a ferida foi secando
A vida pediu uma nova chance
E todas as orações se fizeram canto
Das pedras a areia
Das dores o alento
Da solidão a entrega
E das linhas retas e previsíveis
A um mundo novo de possibilidades

Lou Witt

Eu entendo o amor que sinto
Sei onde ele nasce e por quem ele vive
Sei dos meus desejos e das minhas fomes
Sei dos meus medos e sei da minha força
Sei do hoje
Do que pulsa em mim agora
Desta vontade de te envolver
De te mostrar o que está além da minha fragilidade
De te fazer acreditar que o meu mundo é o mesmo que o teu
E que é nele que te encontro...
Que me encontro...
E que apesar das pedras
Eu consigo plantar flores
E que além de tudo
E acima de tantas coisas
É nos teus olhos que eu me vejo
E me perco tantas vezes
Somente para me encontrar de novo

Lou Witt
Fale das coisas do mundo
Dos lugares onde teus olhos pousam
E encontram detalhes que por vezes não vejo
Conte-me das cores que você encontra
Em cada esquina
Em cada escada coberta de pétalas
Em cada muro de portões antigos
Leia pra mim sempre um poema
Uma frase
Uma passagem de um livro
Um escrito teu que estava guardado
Qualquer coisa que não seja o silêncio
E dance comigo qualquer música
E cante comigo qualquer canção
E me receba sempre com teu sorriso
Porque somente assim
As cores que você vê no mundo
Serão as que me enfeitarão os olhos

Lou Witt


Sobre o amor e suas peculiaridades

Descobri que o amor é imperfeito, que amar é imperfeito.
Que somos seres imperfeitos na busca de algo perfeito. Algo que não existe.
O dia a dia nos ensina.  A vida nos ensina.
O cotidiano nos mostra isso o tempo todo, pena que nem sempre temos a capacidade de ver.
Vivemos a procura de um amor de sonhos.
Um amor feito de poesias e belas palavras.
Sentimos até o cheiro do amor-conto-invenção.
Vivenciamos esse amor na nossa busca insana pela perfeição, pelo sonho das mil e uma noites.
Em nossos mais loucos delírios idealizamos a pessoa alvo do nosso amor supostamente perfeito como a oitava maravilha do mundo e baseados nessa expectativa “caímos de paraquedas” e vendados num campo desconhecido e louco do qual sequer conhecemos a porta de entrada e nem em sonhos (ou pesadelos) sabemos por onde caminhar.
Mas fazemos poesia, porque poesia é preciso.
E a noite quando olhamos nossas paredes, quase sempre pintadas de branco (porque não ousamos jogar uma tinta colorida), os tantos sonhos nos enfeitiçam e temos novamente a certeza de que o mundo das ilusões vai pular da fantasia e passará a fazer parte da nossa realidade.
Ledo engano. Nada acontece.
Então chegamos à conclusão de que estamos lendo demais contos e lendas, histórias da carochinha, faz de conta com finais felizes.
Esquecemos que o amor é um construir diário, que as imperfeições é que nos fazem gente, que ser gente é ser passível de imperfeições.
Voltamos nossos pensamentos a um mundo tão cheio de ilusões e esquecemos de segurar a mão do ser lindamente imperfeito que pode estar ao nosso lado.
Mas se tivermos sorte e aquele algo mais sussurrar em nossos ouvidos nos dizendo que o amor é também o acordar descabelado e com olheiras, que é a roupa suja pra lavar, o almoço, a janta, a desordem da casa, as contas a pagar, então poderemos nos considerar imperfeitamente em estado de amor.
E apesar disso
E tão simplesmente por isso
Continuaremos a fazer poesia.

Lou Witt

quinta-feira, 19 de julho de 2012


Adoro teu jeito de me pegar pela mão e me puxar contra teu peito me envolvendo de uma forma que parecemos apenas um.
Adoro teu sorriso solto e a tua risada escancarada.
E o teu sotaque de gringo e das palavras que vez ou outra escapam erradas.
Adoro quando passas a mão displicentemente pelos cabelos e quando pronuncia o meu nome sempre em meio a alguma frase.
Adoro quando me faz uma sopinha quente no inicio da noite ou um chazinho quando já estou deitada.
E quando faz coisas engraçadas e eu desembesto a rir e não consigo parar.
Adoro teu beijo, teu cheiro, teu calor embaixo das cobertas.
Teus pés quando roçam minhas pernas e tuas mãos quando brincam em minha pele.
Adoro nossos passeios e quando me faz caminhar até cansar e quando nos sentamos em qualquer lugar e comemos qualquer coisa.
Adoro a paz que tenho contigo.
Adoro o amor que nos faz ser o que somos.

Lou Witt


Neste mundo de tantas palavras
não encontro  as exatas pra te dizer do meu sentir.
Do meu coração carregado de saudades
e do quanto te procuro pelos cantos da casa.
Das tantas vezes que te encontro
no cheiro que ficou em cada roupa,
em cada móvel, em cada espaço.
Na música que toca lenta
na penumbra do quarto
e que me faz sentir e entender
que não existe tempo nem distância
que possa te tirar de dentro de mim.

Lou Witt

Meu amigo.
Meu camarada.
Meu amor.
Que por tantas vezes foi meu confidente.
Que sempre entendeu meus temores, minhas “nóias”.
Que em dias de incertezas quando meu coração se fazia escuro, me dizia:
Acorda garota! A vida é lá fora!
Hoje vejo a vida lá fora e não apenas dentro de mim porque hoje dentro de mim tem um sol e parte dele foi você quem pintou.
Foram tantos caminhos e descaminhos que vivenciamos até que estivéssemos frente a frente e num entrelaçar de mãos, num acertar de passos, o caminho se tornasse apenas um.
Meu ritmo é mais lento e você me diz: Mais rápido garota!
E eu apenas te respondo: Calma, cada coisa tem sua hora, seu tempo determinado.
Você é afoito, eu sou mansa.
Você é agitado, eu sou calma.  
Somos tão diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes que parecemos duas peças de encaixe perfeito.
Como será a vida amanhã, Pettinichi?
Quem poderá saber?
Temos o hoje e os dias de agora são nossos e gosto de pensar que existe uma força que nos impulsiona e nos faz crer que também pode existir um amanhã.

Lou Witt – 17/06/2012

sábado, 7 de julho de 2012

Queria escrever algo leve, sabe, dessas coisas que quando a gente lê sente aquela paz que começa lá no dedinho do pé e vai tomando o ser por completo até que num suspiro bem fundo, coração e mente estejam em plena sintonia.
Queria encontrar palavras que me lembrasse da beleza de um pássaro planando...
De um mar azul...
De uma lagoa serena...
Mas talvez hoje eu precise ser mais contundente com as palavras. Não que elas devam ser de ferro, mas que sejam firmes e sem reticências e que acima de tudo tenham o equilíbrio entre o doce e o cruel.
Que quando eu diga ou escreva alguma coisa tenha o cuidado de não deixar que minhas palavras sejam flechas jogadas a revelia sem importar em ferir a carne alheia.
Porque dessas palavras de ferir já estou completa. Transbordei.
Não que eu queira receber apenas doçura, até mesmo porque nem sempre as palavras doces são as verdadeiras, mas quero ser forte o suficiente para não deixar que a maldade humana, inerente ou proposital, me atinja a ponto de eu mudar meus conceitos e perder a nobreza dos sentimentos.
É madrugada e eu sinto dores.
Dói a matéria e o impalpável.
Dói até, e principalmente, o pensar.
E nessa dor inumana minhas palavras travam e tentam encontrar uma brecha onde possam escoar para que não se tornem pedras.
Olhar para o nada às vezes queima mais do que olhar para o fogo e nesse vazio não quero me consumir.
Desvio o olhar para o mosaico das paredes traduzido em fotos e percebo que a vida é um rio que desagua ladeira abaixo e que não existe represa que possa segurar suas águas.
Nesta madrugada insone precisava de um abraço, mas me contento com um café.
Peixes. Pensei em peixes.
Gosto de peixes. E de pássaros.
Mar e céu...dois extremos.
Mar e céu...vida e além.
As palavras que me feriram continuam aqui, mas não vou permitir que elas se tornem parte de mim.
Exorcizar fantasmas. Como é difícil!
Eles ficam em nossas entranhas, corroem nossas vísceras, comprimem nossa alma e tentam de todas as mórbidas formas abalar nossa essência.
Dor insuportável de fantasmas e corpo, que tenta me fazer sucumbir.
Café. Um cheiro bom que entra pelas narinas e confunde o pensamento.
Consegui aquele suspiro bem fundo por conta de um café e quero mais do que isto.
Quero o gosto e o líquido quente me trazendo energia.
Comecei a ficar mais leve agora apesar das dores e na parede está escrito esperança.
Quando se perde a esperança se perde tudo. Eu já perdi.
Recuperei por sorte.
Nossa, que confortante saber que ainda me resta a esperança.
Não, não me resta apenas a esperança.
Ainda tenho vida e busco forças.
Ainda me sobra amor.
Será que alguém já fechou os olhos ao tomar um gole de café?
Que sensação boa que dá.
Logo será dia e o dia não vai esperar para que eu me refaça. Talvez se eu dormir um pouquinho as forças voltem.
É quase dia e ninguém consegue segurar a aurora. Ela rompera a escuridão e as trevas serão luz.
Posso até ouvir o universo sussurrando por entre os vestígios da noite.
É quase um novo tempo, uma nova era chegando.

Lou Witt

sábado, 30 de junho de 2012


Você levanta seus muros, fortifica suas grades,
constrói suas prisões, se prende dentro de si mesmo
e passa a conviver com seus demônios.
É acordar pela manhã e saber que a liberdade é provisória.
É viver em regime semiaberto e o mais inverossímil de tudo isso é saber que as chaves que abrem e fecham as portas pertencem a você mesmo.
Por vezes em momentos absurdos de liberdade em que você escapa e deixa lá dentro os seus monstros, o mundo se torna vivenciável, viável, possível de ser explorado.
Mas a cada dia que nasce você volta... e volta... e volta...
E a estrada vai se findando.
E o tempo começa a ser escasso.
Um dia por um descuido inerente você se vê caindo em um abismo e junto carrega todos os seus fantasmas e eles ficam lá, naquele seu canto mais escuro e a força deles vem dessa tua obscuridade.
Mas é tão tarde para fechar os ouvidos agora.
O barulho das chaves te tortura, te instiga.
Elas balançam e tilintam,
te desafiam.
Você ouve alguma coisa te chamando por detrás dos muros.
Aqueles mesmos muros que você construiu,
agora tremem e fazem um estrondo assombroso
dentro desse teu mundo fortificado por incertezas.
A esperança que havia desaparecido volta e você salta para fora do abismo.
Alguns fantasmas ficam, outros tantos ainda te acompanham.
Mas você sabe que as chaves ainda te pertencem e a qualquer instante você pode usá-las, basta um gesto e vencer o medo, mas pra isso há de se ter coragem,
porque se você ousar abrir uma porta desconhecida
poderá cair novamente.
Ou quem sabe se deparar com a possibilidade
de não ser mais prisioneiro de si mesmo.
Agora é com você!
Vai correr o risco?

Lou Witt – 28/06/2012

segunda-feira, 28 de maio de 2012


Queria poder entender essas tristezas que me assolam vez ou outra.
Queria ser pluma, vento leve, papel de seda colorido.
Queria horas de feitiço, de véus que vão caindo um a um mostrando as faces do dia e que em todo entardecer a voz da quietude me falasse como criança e me desse a paz que as noites precisam.
Não mais ter que inventar alegrias, que elas viessem sem serem chamadas, que chegassem como boas novas, recém-nascidas e cheirando a flor do campo.
Sei que são coisas passageiras essas minhas aflições e que logo mais quando eu me olhar no espelho verei refletida uma imagem onde a realidade se sobrepõe ao medo e se o fio da navalha me cortar a carne sempre haverá alguém a me soprar a ferida.
Porque a vida é assim,
feita de dores e alegrias,
de cantos e lamentos,
de desertos e mares.
Esses muros que agora me cercam serão derrubados um a um e terei um vasto campo onde as possibilidades serão inexatas e ao mesmo tempo de proporções imensas.
Que me julguem louca,
que me atirem pedras,
que importa isso se só eu sei onde moram minhas dores,
onde morro e onde vivo.
Só eu sei onde meu sangue jorra e por quem meus olhos brilham.
Quero conviver com meus fantasmas até o limite possível,
até que eu possa exorcizá-los e com ar de pouco caso dizer: ei, vocês não me assombram mais, não passam de imagens distorcidas que minha mente buscou quando minha alma era feita de espasmos.
Ainda há pouco passaram borboletas pela minha janela.
Voei com elas até onde meus olhos puderam acompanhar,
depois voltei o olhar para dentro e percebi que algumas haviam ficado.
Estão aqui agora,
fazendo cócegas no meu estômago.

Lou Witt

quinta-feira, 12 de abril de 2012


Quem roubou as cores do meu mundo?
Pra onde foram os dias amenos de outono onde o vento brando carregava folhas?
Que mãos gigantes vieram do nada e me apertaram a garganta até quase a morte?
Que instante fugaz de contentamento é este que nem sequer tempo de tocá-lo eu encontro?
Foi de giz escuro que pintaram meu quadro.
Foi de dores vastas que me abarrotaram a alma.
Ontem haviam gardênias na sacada que perfumavam asas de colibris. E margaridas onde pousavam faceiras borboletas.
Havia gatos que se espreguiçavam nas muretas e pássaros que com asas velozes pulavam, ora aqui, ao ali, sem o temor de serem pegos.
Hoje vi uma flor de maracujá desbotada  em um jardim alheio e tive a impressão de que antes as flores de maracujá tinham outro brilho, eram mais lilases. Passei a gostar menos delas.
Escrevo nas paredes o que deveria ser inserido na memória, o que deveria fazer parte do cotidiano, o que tornaria a existência viável.
Não existe amanhã nem ontem. O orvalho não faz pulsar as folhas quando a madrugada ressurge.
Tudo dorme na dimensão do meu ser.

Lou Witt

domingo, 1 de abril de 2012


Hoje eu preciso da terra
Da semente que me dará raízes
Da corrente do mar
Do sal da vida
Preciso de vento que me sopre verdades
Preciso de flores
Bem mais do que folhas de outono
E mais do que palavras
Preciso de atos
Preciso de ruas, avenidas, pontes...
Preciso de chuvas, de amores...
Não quero mais o deslizar das horas mortas
Nem o naufrágio da esperança
Hoje eu preciso de urgências

Lou Witt

quarta-feira, 14 de março de 2012

Naquela manhã acordou com uma dor traiçoeira, um engasgo visceral querendo expulsar o coração do peito e mesmo que houvesse sol, (e havia), dentro de si o dia insistia em matizes de chumbo e cinza.
Era uma dolência intermitente e insana, um mal estar que arrepiava, subia pelo dorso e se instalava na garganta, algo como uma bola de pêlos lambida e ainda não regurgitada.
O dia mal começava e a noite havia sido longa e abissal, de madrugada quente a deslizar para o amanhecer, de sonhos toscos e impensáveis.
Lá fora um pássaro voava baixo, tão baixo que sua sombra parecia grudar no asfalto.
Que pássaro estranho!
Que pensamento tolo!
O que isso tinha a ver com sua dor?
Tentaria mais tarde, quando o dia estivesse quase no fim e o cansaço lhe fosse companheiro, ser menos trágica e extinguir de vez aquela ânsia do peito.
Beijaria em pensamento uma estrela quando a noite voltasse.
Acomodaria dentro de si a esperança mesmo que fosse parva e escreveria na parede,
como um afresco,
um tratado de paz consigo mesma.

Lou Witt

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Chove na tarde de silêncios onde o coração pede alento
O asfalto negro brilha como olhos afoitos
A dor é sempre companheira
Sempre pungente e eficaz
Apenas as letras que enfeitam páginas mudam os tons
Assim como os dias que correm velozmente
Por entre os tempos...

Lou Witt

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


Queria entender os silêncios
Queria permanecer em silêncio
Mas meu coração é teimoso
E sempre grita

Lou Witt

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Qualquer semelhança é mera coincidência


Em tempos idos quando os dias eram de cores e luz existia uma flor frágil e bela e um regador atento e cuidadoso.
Todos os dias desde o começo de sua existência ele molhava suas pétalas e aspergia a terra que cobria sua raiz.
Ela confiava e esperava e reinava a paz onde o amor era presente.
Porém um dia ele acordou desatento e por um descuido involuntário esqueceu da flor.
Naquele dia o sol se fez como em nenhum outro desde o começo do universo.
Foi um dia em que as pedras abriam em labaredas e as águas lutavam em desespero para aplacar o incandescente.
O regador distraído fechou os olhos e vestiu a couraça da indiferença sem lembrar da flor.
O vento gemia e o sol era soberano. O universo se transmutava e o mar quebrava em ondas.
E foi assim até que os dias se tornassem serenos novamente.
Então ele abriu os olhos e percebeu que a vida reinava outra vez.
Abriu a mente e concebeu a beleza que ainda restava.
Abriu o coração e lembrou da flor.
Naquele instante em que a consciência voltou, ele de sobressalto correu em direção da flor na esperança de encontrá-la ilesa e tão cheia de vida como em tempos passados. Porém bem lá no fundo de seu pensar sabia que era tarde demais e que de nada adiantaria se transformar em regador novamente.
Avistou a flor frágil por entre as pedras. A seiva que antes a revestia havia sido sugada pelo fogo que fez a terra arder.
Não havia mais tempo nem água que pudesse resgatar o que um dia foi uma linda flor.
E no coração do regador só restou a tristeza e o peso do esquecimento.

Lou Witt

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


Foi numa noite dessas comuns quando nada se espera que ela o encontrou. 
Trazia nas mãos o perfume das flores e um poema que falava de amor.
Talvez a lua fosse crescente, ou nova, até podia ser cheia, mas isso nem importa, de qualquer forma houve um brilho no céu.
Ela sentiu que algo aconteceria daquele momento em diante. Não era sexto sentido ou premonição, nada disso, era uma esperança nova que lhe soprava no ouvido dizendo que por detrás da cortina havia um sol cor de ouro e pássaros que davam boas vindas.
Talvez até fosse primavera.
Talvez voltasse a ver o arco-íris após a chuva.
Quantas noites sem estrelas haviam passado?
Quantos dias de uma infinda dor sem sentido?
Quantas batidas de um coração solitário?
A vida era um arrastar de horas sem muito o que esperar.
E foi então que ele chegou.  Parecia que já o conhecia, uma espécie de déjà vu, de vidas passadas, de algo que nem mesmo compreendia.
Um novo desejo no peito foi nascendo como semente que rasga a terra, como flor que desabrocha em manhãs de sol.
Um gosto doce na boca, manga, sumo escorrendo, lichia, abacaxi.
Começou a pensar novamente no sal que tempera a vida, no suspiro infindo pra depois do amor... em margaridas...

Lou Witt
É por você menina
que o meu amor transborda
e brilha branco feito algodão
É pra você que guardo
meus sentimentos ternos
e meus melhores desejos
É você menina flor
o brilho que a minha vida precisa
o amor que carrego comigo
até a eternidade

Lou Witt

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


Apagaram-se todas as velas
Todas as luzes
Todos os vagalumes
O coração saltou do peito
E o poço ficou sem fundo
Apenas o som do desespero se ouvia
Talvez ao longe
Bem longe houvesse o aceno da esperança
Ou quem sabe bem próximo
Uma brecha qualquer...
Mas os olhos teriam que estar abertos...

Lou Witt