Tempo e Vida
Fim de tarde
Vento
Neblina
O cabelo teima em cair no rosto
e os pés pisam em uma poça qualquer
e os pés pisam em uma poça qualquer
Tudo passou tão depressa
Como nos filmes
Nos livros de cabeceira lidos no silêncio da noite
O vento assovia uma canção quase triste
O tempo parece inimigo de tudo o que já foi ou virá
Tempo soberano que varre lembranças e traz o esquecimento
Parece que sorri com desdém de dores alheias
E passa
Passa
E deixa pegadas por sobre a pele
Rasga vontades
Desnuda sonhos
Preserva a esperança
A esperança flutua entre o real e o inatingível
Mas nunca morre
O tempo extravasa
Sopra feridas
Acende brasas
E a vida?
A vida desafia e faz trapaça zombando do tempo.