sexta-feira, 10 de julho de 2009

Gerânios na Janela

Era uma casinha branca e na frente havia uma janela enfeitada com gerânios coloridos. Ela costumava ficar debruçada na janela por horas a fio como se o mundo fosse apenas aquele espaço e a vida um eterno esperar. Observava as pessoas que passavam e em cada uma delas via algo que lembrava alguém e como um quebra-cabeças ia juntando pés, pernas, cabelo, nariz, boca, cada pedaço de cada um para formar um outro absurdamente intocável, inviável, impossível de se ter.
Quando o sol batia nas árvores e formava sombras ela brincava com sua imaginação e até podia correr com ele pelas calçadas e ruelas da cidadezinha onde morava.
E quando chovia espiava pelo vidro molhado da janela e era até mais fácil de imaginar dele os contornos por entre os pingos que por vezes misturavam-se com suas lágrimas de saudade.
Nos últimos dias andava com uma sensação estranha de que algo novo iria acontecer, não sabia o quê, mas desconfiava ser algo bom, por isso vestia suas melhores roupas e tentava colocar sorrisos no rosto embora muitas vezes com certa dificuldade.
Tinha planos para quando ele chegasse e sabia que chegaria, seu coração dizia disso. O esperaria no portão e na ponta dos pés o beijaria. Um abraço sem fim e o segurando pela mão entrariam. Fecharia a porta e a janela e do lado de fora ficaria o resto do mundo e os gerânios coloridos.

4 comentários:

  1. Olá amiga! Acho que pelo menos um gerânio deveria ter sido levado, para testemunhar a linda noite de amor.

    Beijos,

    Furtado.

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  2. Sem testemunhas Furtado, sem testemunhas. rsrs

    Beijo!

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  3. Que lindo!! Eu cheguei até aqui para ver esses geranios.. porque nas poesias do melhor poeta do Brasil, o GULHERME DE ALMEIDA, ele sempre fala em geranios nas janelas...
    Mas é isso... gostei do texto.

    EDMAR

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pétalas