Conto do retorno
Estava sentada absorta, olhando para o nada como costumava fazer nas noites solitárias em que nem mesmo a melodia de uma música se fazia presença.
Costumava ficar assim quando sentia muita saudade e o coração de tão apertado mal batia no peito para não doer mais do que de costume.
E naquela noite podia sentir o suave aroma das azaléias que floriam em frente a sua janela naquele início de setembro.
Não esperava nada além de um copo de vinho que sorveria lentamente para que na boca ficasse o gosto até que adormecesse escutando o latido de um cão solitário que como ela chorava nas noites por não poder soltar suas amarras.
Mas naquela noite o telefone que sempre era mudo tocou e do outro lado uma voz que ela tão bem conhecia.
Mas naquela noite o telefone que sempre era mudo tocou e do outro lado uma voz que ela tão bem conhecia.
E o coração então cresceu tanto que foi preciso parar de respirar por alguns instantes até que o chão voltasse e a razão pudesse ouvir. E ouviu. Ele dizia que estava chegando, que trazia nas mãos um buquê de flores brancas e na boca todos os beijos guardados.
Nem pensou em dizer não, o coração não lhe permitiu. Guardava nas mãos todas as carícias e na boca o gosto do corpo do amado.
Deixou que viesse. Destrancou a porta, colocou uma música e desde aquela noite não mais ouviu o latido do cão solitário.
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