quinta-feira, 7 de janeiro de 2010



Nada aconteceu depois daquelas tardes quando os olhos cintilavam o brilho por trás da persiana e o gato arranhava o braço do sofá deixando escapar um ronronar solícito e manhoso.
Nenhum dia foi diferente e nem houve promessa de que seria no decorrer dos próximos anos e próximas vidas talvez.
O acúmulo dos dias seria desimportante e não haveria promessas a serem cumpridas nem partilhar de sonhos dourados em luas crescentes. Nada de derrubar muralhas, construir castelos e sonhar com beijos de princesa. O coração pulsaria manso no peito e a rosa ficaria guardada no eterno livro do tempo até que suas pétalas perdessem completamente a cor.
O nevoeiro que cobria as manhãs de inverno entraria pela janela e seria necessário aquecer o corpo e a alma com chá de maçã e canela porque nas mãos não teria outras.
O gato permaneceria, dormiria na manta do sofá da sala e por vezes roçaria em suas pernas pedindo carinho, o pegaria no colo e escutaria seu ronronar como um motorzinho que fica ligado tremulando.
Em dias de sol olharia pela janela para admirar a delicadeza das borboletas que independente e alheias à sua estranha história não se importavam em ser felizes e coloridas.

Um comentário:

pétalas